Padrão genético do alcoolismo é tema de audiência na ALMG

Pesquisadora da UFMG apresentará aos deputados resultado de pesquisa que aponta via biológica na compulsão por drogas.

06/05/2016 - 12:54

Debater os resultados de uma pesquisa inédita sobre os padrões genéticos do alcoolismo e seus reflexos nas políticas públicas de prevenção e tratamento da dependência química. Esse é o objetivo da audiência pública que a Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) promove nesta terça-feira (10/5/16), às 16 horas, no Plenarinho II.

A convidada para a discussão é a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ana Lúcia Brunialt Godard, do Departamento de Biologia Geral e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Genética da instituição, responsável pela pesquisa. O autor do requerimento é o presidente da comissão, deputado Antônio Jorge (PPS).

O parlamentar, que é médico, ressalta a importância da discussão, já que traz à tona um dos mais recentes avanços científicos na área que pode, inclusive, aprimorar as ações do poder público. "O consumo de álcool que envolve distúrbios de comportamento, como adição e compulsão, nos últimos 20 anos, passou de oitavo para quinto principal fator de risco para a mortalidade precoce e incapacidade na população mundial. Por isso, fica evidente a necessidade da criação de políticas públicas que acolham esses pacientes e de estudos que possam esclarecer os mecanismos intrínsecos à perda de controle sob a droga, objetivando um melhor diagnóstico e prognóstico ao paciente”, afirmou.

O estudo que estará em discussão identifica, tanto para fins diagnósticos quanto terapêuticos, os mecanismos genéticos e moleculares relacionados à compulsão às drogas. Segundo a professora, ele evidencia que há uma via biológica que pode estar envolvida com o processo de adição. Esta via, até então, nunca havia sido relacionada ao uso abusivo de álcool e pode ser considerada uma nova possibilidade de entendimento e de ações de prevenção junto à população.

Alcoolismo - No Brasil, estima-se que 59% da população façam uso abusivo de etanol. Destas, aproximadamente 14% podem ser dependentes. Ainda de acordo com dados epidemiológicos, o alcoolismo se encontra intimamente correlacionado à incidência de doenças psiquiátricas, hepáticas, cardíacas, entre outras, representado por cerca de 10% dos problemas totais de saúde no país.

O uso abusivo de álcool entre os adolescentes é ainda mais preocupante. Estudos epidemiológicos sugerem que 19% dos adolescentes norte-americanos apresentam abuso de álcool. Os dados brasileiros são mais escassos e indicam haver características regionais quanto ao uso dessa substância. De acordo com o I Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil (2001), realizado em 107 cidades brasileiras, a prevalência no consumo é de 48,3% entre jovens de 12 a 17 anos.