De acordo com a empresa, duas barragens se romperam, sucessivamente: a barragem de Fundão e, em seguida, a de Santarém
Autoridades sobrevoaram o local atingido e, logo após, se reuniram com a direção da Samarco

Deputados visitam área destruída em Mariana

Eles sobrevoaram a área atingida pelo rompimento das barragens de rejeitos de mineração da Samarco.

06/11/2015 - 18:25 - Atualizado em 11/11/2015 - 15:07

Após visita à região de Bento Rodrigues, distrito de Mariana (Região Central do Estado) que foi arrasado pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, tanto o governador Fernando Pimentel quanto deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) afirmaram que será reforçado o monitoramento das centenas de barragens de rejeitos de mineração que existem em Minas Gerais. No início da manhã desta sexta-feira (6/11/15), as autoridades sobrevoaram o local atingido e, logo após, se reuniram com a direção da Samarco, no escritório central da Mina Germano, onde ficavam as barragens rompidas.

Segundo relato do diretor-presidente da empresa, Ricardo Vescovi, ao governador e demais autoridades, duas barragens se romperam, sucessivamente: a barragem de Fundão, que continha rejeitos, e, em seguida, a de Santarém, que continha grande volume de água. A área alagada impressiona. Das 188 casas de Bento Rodrigues, 122 foram atingidas, segundo informações da Defesa Civil. Helicópteros eram usados para socorrer os desabrigados, ali e em outras comunidades, como o distrito de Paracatu de Baixo e o município de Barra Longa.

“É a maior tragédia de nossa história. A comunidade foi devastada. As pessoas perderam tudo. Esperamos do governador um plano para abrigá-las de forma definitiva, com repasses nesse sentido, com uma área específica para que elas possam retomar suas vidas”, afirmou o deputado Thiago Cota (PPS). Ele lembrou que seu pai é de Bento Rodrigues. “O aspecto visual é terrível. Um desastre ambiental de grande proporções”, avaliou o governador.

Segundo o governador, o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) monitora constantemente as barragens de resíduos, mas esse serviço deverá ser reforçado. “A gente pode e vai reforçar isso”, disse Fernando Pimentel. O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG, deputado Cássio Soares (PSD), também defendeu uma verificação detalhada. “Temos que fazer um aprofundamento dessas questões. Temos que apurar, através da comissão, para evitar outros danos como esse”, afirmou.

Cássio Soares, Thiago Cota e o presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Gil Pereira (PP), participaram da reunião com o governador, a direção da Samarco, o ministro da Integração Nacional, Gilberto Occhi, o secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, e o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, entre outras autoridades. Todos elogiaram as providências da mineradora para socorrer os atingidos. “Nós reconhecemos que a Samarco tem feito um grande esforço para diminuir os impactos desse desastre”, afirmou o ministro Gilberto Occhi.

Ricardo Vescovi afirmou que a empresa está alugando quartos de hotéis e pousadas para retirar os desabrigados da Arena Mariana, ginásio esportivo onde dezenas continuavam nesta sexta-feira (6). No início da tarde, o posto de comando da força-tarefa montada pelas autoridades para coordenar o socorro às vítimas confirmava duas mortes e o desaparecimento de outras 14 pessoas, quase todas trabalhadores terceirizados da Samarco. Nas comunidades atingidas, ainda não se confirmava nenhuma morte. “Havia muitos alunos na escola municipal. Graças a Deus a diretora foi muito competente e tirou todos os alunos e servidores”, comemorou o deputado Gil Pereira.

Desabrigados se queixam que não foram avisados

Na Arena Mariana, no entanto, muitos desabrigados se queixaram da empresa Samarco. Efigênia Pereira Gonçalves, de 72 anos de idade e mais de 40 anos em Bento Rodrigues, perdeu sua casa. “A empresa não avisou ninguém. Não avisou nada”, afirmou ela. Efigênia diz ter escapado porque sua filha trabalha na Samarco e, por telefone, avisou a família de nove pessoas. “A gente subiu o morro, para o lado da caixa d'água”, relatou.

Com relação ao licenciamento ambiental, segundo o deputado Cássio Soares, não há qualquer irregularidade por parte da empresa. “A barragem tinha seu licenciamento de instalação e operação aprovados pelo Conselho de Política Ambiental do Estado”, afirmou. De acordo com Gil Pereira, Minas Gerais é o Estado mais rigoroso no licenciamento de barragens deste tipo. “Temos centenas de barragens e este foi o terceiro acidente”, afirmou o parlamentar.

A direção da empresa afirmou, durante a reunião, que a lama proveniente das barragens rompidas, em uma avaliação preliminar, não representa perigo para a saúde das pessoas, pois conteria principalmente areia e resíduo de minério. “Aparentemente não há risco. A barragem de resíduo de minério de ferro é de baixa toxicidade, pois não tem tratamento químico, o processo é de decantação. Estamos avaliando, no entanto, se o volume despejado não vai prejudicar as fontes de captação de água”, afirmou o governador Pimentel.