Com mais de 1,2 mil metros quadrados, o parque foi interditado no ano passado devido às condições de degradação e insegurança em que se encontra
Parlamentares falaram da importância do parque para as duas cidades da Região Metropolitana

ALMG propõe comissão para revitalizar o Parque Fernão Dias

Área verde entre Contagem e Betim está interditada devido à degradação e precisa ser recuperada.

03/09/2015 - 18:58 - Atualizado em 23/08/2016 - 16:32

A formação de uma comissão composta por representantes das Prefeituras de Contagem e de Betim e por representantes do Governo do Estado, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de moradores e lideranças comunitárias poderá ser o primeiro passo para a revitalização do Parque Fernão Dias, localizado entre esses dois municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O parque foi interditado no ano passado devido às condições de degradação e insegurança em que se encontra, privando a comunidade de uma ampla área verde e espaço de lazer.

A proposta de formação desse grupo de trabalho foi feita na tarde desta quinta-feira (3/9/15) pela deputada Marília Campos (PT), durante visita feita ao parque pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALMG. A proposta foi encampada também pelos demais parlamentares presentes, por outras autoridades e lideranças comunitárias.

Na ocasião, todos os presentes aprovaram também a proposta de solicitar uma reunião com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana (Sedru) e com a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Agência RMBH) para discutir alternativas de revitalização do parque. Requerimentos formalizando a constituição do grupo e solicitando a reunião com os órgãos do Estado serão apresentados pelos deputados na Comissão de Meio Ambiente.

“Queremos formar uma frente junto com a população a fim de buscar medidas capazes de devolver o parque aos moradores dos dois municípios”, disse a deputada Marília Campos, que assinou o requerimento para realização da visita juntamente com o deputado Ricardo Faria (PCdoB), que também participou da visita. “As cidades têm que ser humanizadas e precisam de áreas verdes, água, córregos, rios e nascentes. Recuperar essa área é o sonho de todos nós que aqui vivemos”, disse a deputada, recordando as muitas vezes em que passeou no local com os filhos pequenos.

Gestão compartilhada pode ser alternativa

O deputado Ivair Nogueira (PMDB) louvou a iniciativa da colega e propôs uma gestão compartilhada entre o Governo do Estado e os dois municípios da RMBH com vistas à recuperação e revitalização do parque. “Nesse momento em que buscamos ações para diminuir a violência nas cidades e afastar os jovens das drogas, um espaço como esse não pode ser negligenciado”, disse.

Também participou da visita o deputado Geraldo Pimenta (PCdoB). “Defender um parque desses é tarefa de todos nós”, disse, lembrando que visitou o parque em outras ocasiões, quando foi vereador em Betim, e se lembra de que o local era rico em córregos e nascentes. “Trata-se de um espaço importante para as duas cidades da Região Metropolitana e precisamos cuidar dele, preservando sua beleza e qualidade ambiental”, afirmou. Ele também defendeu a aproximação dos dois municípios com o Governo do Estado a fim de buscar alternativas para a recuperação do espaço.

Falando em nome da Prefeitura de Contagem, Marius Carvalho, gestor da Secretaria Municipal de Governo, admitiu que qualquer iniciativa visando à recuperação do parque precisa contar com o apoio do Governo do Estado. Ele louvou as propostas apresentadas pelos deputados e informou que a Agência RMBH já dispõe de um pré-projeto de revitalização do parque no valor de R$ 940 milhões. Segundo ele, estão previstas, além da recuperação ambiental e dos equipamentos, a construção de um Centro Especial de Triagem de animais silvestres, que poderia contar com recursos extras do fundo de meio ambiente.

A representante da Diretoria Municipal de Políticas Urbanas de Betim, Cleide Isabel Pedrosa de Melo, da  também elogiou a iniciativa da comissão da Assembleia e disse que a Prefeitura está disposta a colaborar com o projeto de revitalização do parque.

Adriana Araújo Ramos, diretora-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), representou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Ressaltando o potencial ambiental e turístico do parque, ela também mostrou disposição de colaborar.

O comandante da Guarda Municipal de Contagem, capitão Willian Cesario de Souza, explicou que o parque precisou ser interditado não só pela degradação ambiental em que se encontra, mas por questões de segurança. Segundo ele, no local vários bares funcionavam irregularmente, sem alvarás sanitário e de licença. Além disso, contrariando a legislação, que não permite o funcionamento do parque além das 18 horas, no local eram realizados bailes funk que se prolongavam noite adentro. Casos de violência e uso de drogas também eram constantes.

Moradores e lideranças comunitárias mostraram-se entusiasmados com a proposta de formar uma comissão para buscar alternativas de revitalização do parque. Entre os mais animados estavam os integrantes do Grupo de Convivência da Terceira Idade Estrela Dalva, instalado em um galpão do parque desde 2003. Da mesma forma, Paulo César, da Associação São Vicente de Paulo, o pastor Adair Morais, da Associação Comunitária Remanescentes, e José Eustáquio Aleixo de Aguiar, do Conselho Municipal de Esporte de Contagem, declararam-se “muito felizes” com a perspectiva de recuperação.

Comissão de Participação Popular também já visitou o parque

Esta não é a primeira vez que a Assembleia tenta colaborar para a revitalização do Parque Fernão Dias. Em 7 de dezembro de 2010, a Comissão de Participação Popular visitou a área para discutir a sua destinação, a requerimento do então deputado Carlin Moura (PCdoB), agora prefeito de Contagem.

Histórico – A área do Parque Fernão Dias foi doada ao Estado por uma empresa privada em 1979 e o parque foi inaugurado em 1980. Entre 2000 e 2005, o parque foi cedido ao município de Contagem, ficando sob sua gestão. Em 2005, voltou para o Estado e foi gerenciado temporariamente pela Secretaria de Desenvolvimento Social.

Com o passar do tempo, o parque entrou em processo de degradação e abandono, tendo sido registrados roubos de materiais elétricos e hidráulicos, bem como parte da cerca que o delimita. Na década de 1980, quando foi inaugurado, contava com cerca de 50 funcionários. Hoje, apenas oito funcionários se ocupam do local. Um deles, um vigia, já foi inclusive alvo de agressão e violência por parte de frequentadores.

O parque possui 20 quadras poliesportivas, dois campos de futebol, playground, uma pista de bicicross, trilhas e uma área verde composta por 60% de eucaliptos e 40% de mata nativa. O corte ilegal de árvores foi outro problema detectado na época em que estava sob a administração da ONG Instituto de Valorização da Vida. O desmatamento gerou erosão das terras, danificando, entre outras áreas, o entorno dos campos de futebol.