O evento promovido pela Subcomissão Permanente do Futebol da Câmara dos Deputados aconteceu no Salão Nobre da ALMG
Parlamentares defenderam a volta dos jogos preliminares nos estádios mineiros

Volta do mata-mata no Brasileirão é defendida na ALMG

Assembleia de Minas sedia etapa de seminário da Câmara dos Deputados para sugerir mudanças no calendário do futebol.

03/08/2015 - 18:05

A defesa da volta do mata-mata como fórmula de disputa do Brasileirão deve ser o principal ponto do relatório que será preparado pelo deputado federal Marcelo Aro (PHS-MG), após a realização de uma série de debates nas cinco regiões do País. Foi o que o parlamentar adiantou nesta segunda-feira (3/8/15), durante as discussões da etapa Sudeste do seminário “O Calendário do Futebol Brasileiro”, promovido pela Subcomissão Permanente do Futebol da Câmara dos Deputados, evento que aconteceu no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), com a participação dos deputados estaduais da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude.

“Estou disposto a sugerir a volta do mata-mata no Campeonato Brasileiro de Futebol, mas preciso primeiro que me mostrem como fazer isso de maneira viável”, afirmou Marcelo Aro, ao defender que sejam levadas à subcomissão propostas práticas que deem maior atratividade às competições e permitam às centenas de clubes profissionais brasileiros que se mantenham em atividade o ano todo, sem que isso signifique o desgaste excessivo dos atletas com o acúmulo de partidas e a disputa de competições simultâneas. Entre as possibilidades sugeridas pelo parlamentar está inclusive a conciliação entre as duas fórmulas de disputa concorrentes, com a inclusão de um mata-mata para decidir o campeão após as 38 rodadas atuais do Brasileirão.

Antes do debate, os participantes foram recebidos pelo presidente da ALMG, deputado Adalclever Lopes (PMDB), que agradeceu a presença de todos. “Sempre que for necessário, esta Casa estará aberta a debates tão importantes como esse”, disse.

Já o deputado Anselmo José Domingos (PTC) lembrou ainda que outras temas de destaque estão na pauta da Comissão de Esporte, a qual preside, como a volta do consumo de álcool nos estádios em Minas, a presença de torcida dividida nos clássicos e a realização de partidas preliminares. Sobre as disparidades do calendário atual, ele lembrou uma informação apresentada na reunião. “O América de Teófilo Otoni se manteve em atividade neste ano pouco mais de dois meses, enquanto o Internacional, se chegasse à final do Mundial de Clubes, teria jogado 15 jogos oficiais a mais do que o seu adversário Barcelona”, comparou.

A retomada dos jogos preliminares nos estádios mineiros também mereceu a defesa do deputado Fábio Avelar Oliveira (PTdoB), outro membro da Comissão de Esporte, pois, segundo ele, estimula o futebol de base e a criação de novos talentos. E o deputado Geraldo Pimenta (PCdoB), vice-presidente dessa mesma comissão, lembrou que um estudo recente deixa claro a urgência do aprimoramento do calendário do futebol brasileiro. “A grande maioria dos clubes brasileiros joga em média apenas 17 jogos oficiais por ano, o que deixa cerca de 16 mil atletas desempregados. Na outra ponta, na elite, há excesso de jogos, o que leva ao esgotamento e a ameaças à saúde desses profissionais da bola”, avaliou.

As próximas etapas do seminário “O Calendário do Futebol Brasileiro” acontecerão ainda em agosto, em Belém (PA), no próximo dia 10; em Goiânia (GO), dia 14; Fortaleza (CE), dia 24; e Porto Alegre (RS), dia 31.

CBF compara montagem de calendário a quebra-cabeça

O diretor de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Manoel Flores, explicou os desafios na montagem do calendário de competições. “Temos que equilibrar aspectos técnicos, financeiros e políticos complexos, mas a questão técnica é a que mais prevalece. Reconhecemos que este é um momento de virada do futebol brasileiro e já evoluímos muito nos últimos anos, mas estamos abertos a sugestões”, ponderou. É o caso, segundo ele, do aumento gradual do período de pré-temporada, que há alguns anos era de apenas 14 dias e, neste ano, foi de 25 dias, com a meta de atingir 30 dias em breve; e ainda a redução de 23 para 19 datas reservadas à realização dos campeonatos estaduais.

“É um quebra-cabeça em que temos que encaixar ainda as datas-Fifa (para jogos de seleções) e as competições da Conmebol (para jogos de torneios oficiais do continente promovidos pela federação sul-americana). Encaramos os campeonatos estaduais como um instrumento para fomentar o futebol, já que muitos clubes pequenos não conseguem chegar às competições menores. E eles precisam de um número mínimo de datas para serem viáveis. No ano que vem será ainda mais complicado equacionar isso tudo, quando teremos as Olimpíadas, pois já há uma tendência de suspender os jogos durante o evento, e ainda Copa América e um número maior de jogos das Eliminatórias da Copa, das atuais seis para oito partidas”, apontou o executivo da CBF. Sobre as críticas aos jogos às 22 horas das quartas-feiras, Manoel Flores disse que em 2015 serão apenas 27 partidas, ou apenas 7% dos jogos do Brasileirão.

Também participante do debate, o assessor da Presidência do Atlético, Lucas Couto, também fez uma defesa da mudança da fórmula de disputa do Brasileirão. “Tudo na vida precisa de vibração, e o Brasileirão pode até ser um dos mais importantes campeonatos de futebol do mundo, mas ainda falta emoção”, afirmou.

Na outra ponta, o presidente da Federação Nacional dos Atletas de Futebol, Rinaldo José Martorelli, recomendou cuidado ao promover mudanças baseadas, segundo ele, em “manifestações apaixonadas”. “Mas se estivermos dispostos a mexer na estrutura do futebol brasileiro, alguém com certeza sempre vai ficar para trás. Como defensor dos interesses dos atletas, sei que eles não vão conseguir melhores condições de trabalho se os clubes também não se fortalecerem”, pontuou.

FMF - O presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Castellar Modesto Guimarães Neto, reforçou as dificuldades na montagem do calendário. “É preciso equilibrar interesses que são em parte antagônicos e em parte convergentes. Em Minas temos conseguido fazer isso e, no último Estadual, usamos apenas 15 das 19 datas oferecidas pela CBF”, destacou.

O diretor de competições da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), Marcelo Vianna, não é tão otimista. “Vivemos o momento mais limitado do futebol brasileiro, mas sei também que é difícil equilibrar todos os interesses. Alguns times têm que jogar mais do que os 66 jogos recomendados por ano porque têm compromissos financeiros”, lamentou.

O presidente da Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, José Mário de Almeida Barros, defendeu a criação de um caderno de exigências com as condições mínimas para que um clube possa ser considerado profissional, o que, segundo, ele excluiria dessa condição pelo menos três quartos dos atuais em funcionamento. “Também considero muito perigosa a volta do Mata-Mata, já que o esforço de um ano inteiro pode ser jogado fora em um único jogo”, avaliou.

Já o vereador de Belo Horizonte Juliano Lopes Lobato (SDD), ex-árbitro de futebol, defendeu a profissionalização da arbitragem no Brasil, enquanto seu colega de Câmara Municipal, o ex-jogador Heleno (PHS), defendeu a realização de jogos somente às quartas e aos domingos.