Maior efetivo da Polícia Militar e sistema de monitoramento com câmeras nas ruas são algumas das demandas apresentadas pela população de Andradas à comissão
O comandante Frederico de Lima divulgou números sobre a segurança na cidade
Deputados querem se reunir com o secretário de Estado de Defesa Social para apresentar o relatório da reunião

Andradas pede providências na área de segurança

Representantes da sociedade civil fazem reivindicações para diminuir a criminalidade na cidade do Sul de Minas.

10/06/2015 - 14:32

Aumentar o efetivo da Polícia Militar e instalar um sistema de monitoramento com câmeras nas ruas foram algumas das reivindicações da população para aumentar a segurança em Andradas (Sul de Minas). As solicitações foram feitas em audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada no município nesta quarta-feira (10/6/15), a pedido do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

A representante do Unidos por Andradas, grupo formado por entidades da sociedade civil com o intuito de reivindicar melhorias na segurança pública, Juliana Carlin Sassera, disse que o nível de insegurança está alto na cidade. “Estamos preocupados e insatisfeitos com a situação”, disse. Ela apresentou uma série de pedidos para tentar solucionar o problema. “Defendemos a autonomia para a nossa Polícia Militar, que ainda é subordinada a Poços de Caldas”, afirmou.

Juliana Carlin, em nome da comunidade local, também pediu a implantação do Sistema Olho Vivo (monitoramento das ruas com câmeras de vídeo) e o aumento do número de policiais. “Andradas encontra-se em uma posição elevada na economia do Sul de Minas e é também uma rota turística. Tudo isso a torna uma cidade alvo de bandidos”, destacou.

Guarda Municipal - Representantes de igrejas, lideranças comunitárias e membros de organizações não-governamentais também se queixaram da falta de segurança em Andradas e apresentaram reivindicações semelhantes à do grupo Unidos por Andradas. Algumas das solicitações foram a criação da Guarda Municipal, o retorno dos plantões nas delegacias locais no fim de semana e a maior atuação da patrulha rural.

Segundo o prefeito de Andradas, Rodrigo Aparecido Lopes, pesquisa realizada em 2014 com a população local apontou a segurança pública como principal problema da cidade. Ele apresentou algumas ações realizadas pela prefeitura como forma de reduzir a criminalidade. “Criamos o Centro de Convivência Municipal e implantamos o Gabinete de Gestão Integrada Municipal”, ressaltou. Segundo ele, também foi elaborado o Plano Municipal de Segurança, com objetivo de criar a Guarda Municipal, que já foi aprovada em lei e terá investimento de R$ 1 milhão ao ano.

Rodrigo Lopes disse que são 12 servidores da Polícia Civil em Andradas (três delegados, dois escrivães e sete investigadores) e 35 policiais militares. “Para uma população de mais de 40 mil habitantes, os números mostram uma situação preocupante. Somos a entrada de bandidos que vêm de São Paulo”, destacou. O município de Andradas faz limite com outras 11 cidades, quatro delas do Estado de São Paulo.

Polícias falam sobre reivindicações da população

O comandante do 29º Batalhão da Polícia Militar, responsável por atender toda a região, Frederico Antônio de Lima, falou sobre as reivindicações apresentadas na audiência pública. Ele se mostrou contrário à criação de uma unidade policial independente em Andradas. “Caso ocorra autonomia, parte do efetivo que fica nas praças e ruas terá que ir para o setor administrativo”, pontuou.

Frederico de Lima defendeu o aumento do efetivo policial na cidade. “A previsão de necessidade local é de, no mínimo, 44 policiais militares”, afirmou. Ele contou que já existe previsão de lançamento de edital para selecionar 90 policiais para a região, e que grande parte será direcionada para Andradas. Sobre o Olho Vivo, o comandante anunciou que será instalado um monitoramento eletrônico em vários pontos estratégicos do município. “A previsão é de que o sistema esteja em funcionamento no próximo mês”, ressaltou. Com relação à insegurança no meio rural, ele disse que já propôs a criação de uma rede de segurança local. Falou, ainda, que a patrulha rural circula três vezes por semana.

O comandante da PM divulgou números sobre a segurança na cidade, em comparação aos períodos de janeiro a junho de 2014 e 2015. Segundo ele, houve aumento de 15% de crimes violentos (assaltos e roubos) na cidade; redução de 23% nos furtos de veículos; redução de 13% nos furtos de residências; aumento de 85% nas apreensões de armas de fogo; redução de 4% em furtos rurais; e aumento de roubos na zona rural em 33%.

Crimes e prisões - O delegado regional de Polícia Civil de Poços de Caldas, Gustavo Henrique Manzoli, disse que tem aumentado a apuração de crimes e o número de prisões, o que se reflete na superlotação dos presídios. Ele disse que se houver aumento do efetivo, haverá também elevação do índice de prisões. “Teremos vazão para isso em nosso sistema prisional?”, questionou. O diretor do Presídio de Andradas, Douglas de Castro, disse que atualmente são 220 presos, dos quais 130 são de Andradas e o restante de cidades vizinhas. “O número representa superlotação. Mas nosso presídio possui uma escola interna e também um sistema de apoio psicológico”, afirmou.

Para o delegado da Polícia Civil Gustavo Manzoli, deveria haver, no mínimo, quatro delegados e 21 investigadores em Andradas. Ele defendeu o plantão virtual das delegacias como tentativa de reduzir o deslocamento de policiais e como primeira medida para minimizar as consequências do atual plantão regionalizado. Ele disse, ainda, ser contrário à redução da maioridade penal. “Ainda nem temos centros socioeducativos suficientes; não é possível pensar nessa questão”, pontuou.

Deputados reconhecem importância da participação popular na audiência

Segundo o prefeito de Andradas, cerca de mil pessoas participaram da reunião. O deputado Sargento Rodrigues (PDT) disse que a população está fazendo sua parte. “É importante cobrar e participar”, ressaltou. Ele defendeu a celeridade processual para tentar diminuir o sentimento de impunidade da população e o investimento na prevenção à violência no município, por meio de esporte, lazer e cultura. O parlamentar disse ser contrário à criação da Guarda Municipal e falou ser favorável à redução da maioridade penal para crimes cometidos por jovens contra a vida.

O deputado Sargento Rodrigues afirmou que a comissão vai marcar uma reunião com o secretário de Estado de Defesa Social para mostrar-lhe o relatório da reunião, baseado nas reivindicações da população. “E vamos cobrar medidas necessárias para melhorar a situação em Andradas”, acrescentou. Ressaltou, ainda, que apresentará requerimento para apresentação das notas taquigráficas da audiência a representantes da Justiça, do Executivo e das polícias.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva parabenizou a presença das pessoas na audiência. Disse que a insegurança é um “angustiante problema que aflige todos”. O deputado João Leite (PSDB) afirmou que a segurança é um direito humano fundamental. Ele assumiu o compromisso de lutar por envio de verba para a área no município, por meio de emendas parlamentares. Já o ex-deputado Carlos Mosconi disse que aprova todas as reivindicações feitas na audiência. “Todas são pertinentes”, salientou.

Durante a reunião, houve, ainda, uma encenação com o uso de um caixão e de coroas de flores para representar a insegurança e a violência na cidade.

Consulte o resultado da reunião.