Além da construção do Hospital do Trauma, participantes da reunião também pediram mais recursos para a saúde no município do Norte de Minas
O prefeito Ruy Muniz também defendeu um foco maior na prevenção e na promoção da saúde

Montes Claros reivindica construção do Hospital do Trauma

Em reunião na cidade do Norte de Minas, deputados e profissionais da saúde também cobraram mais recursos para a área.

23/04/2015 - 20:09

Deputados, autoridades e profissionais envolvidos com o setor da saúde apresentaram reivindicações em Montes Claros (Norte de Minas), durante audiência pública realizada na cidade, nesta quinta-feira (23/4/15). A construção do Hospital Regional de Montes Claros, conhecido como Hospital do Trauma, e mais recursos para a saúde no município do Norte de Minas foram os principais pedidos dos participantes da reunião. O encontro foi promovido pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e requerido pelos deputados Arlen Santiago (PTB), Doutor Wilson Batista (PSD), Carlos Pimenta (PDT) e Gil Pereira (PP).

O prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz, disse que a saúde no Brasil avançou nos últimos tempos, mas reconhece que é preciso ainda melhorar muito. Ele apresentou cinco reivindicações para o Norte de Minas. A primeira delas foi a cobrança imediata, ao Governo do Estado, do início da construção do Hospital do Trauma na cidade. “Já temos terreno para as obras, que já estão licitadas. É preciso agilizar o processo”, pontuou.

Ruy Muniz também solicitou o aumento, em aproximadamente R$ 25 milhões ao ano, do limite financeiro (teto) disponível para custeio de ações e serviços de saúde do Bloco de Financiamento da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar da Macrorregião de Montes Claros. Outra solicitação refere-se à possibilidade de criação de três redes de hospitais microrregionais na Macrorregião Norte, visando a uma gestão mais eficiente.

O prefeito de Montes Claros sugeriu, ainda, uma reorganização no Plano Diretor de Regionalização, dividindo a Macrorregião Norte em duas macrorregiões, uma vez que a referida macro atende atualmente cerca de 1,6 milhão de pessoas. “Sugiro que a cidade de Janaúba seja a escolhida para receber investimentos. Precisamos implantar uma Santa Casa no local para atender regiões mais afastadas de Montes Claros e aliviar a rede de saúde local”, destacou. Ruy Muniz também defendeu um foco maior na prevenção e na promoção da saúde, como forma de evitar a doença.

A secretária municipal de Saúde de Montes Claros, Ana Paula de Oliveira Nascimento, fez coro à fala do prefeito. Ela reforçou, principalmente, os pedidos por mais recursos para financiar a saúde na cidade e pela construção do Hospital do Trauma.

Montes Claros está a 418 km de Belo Horizonte e conta com cerca de 360 mil habitantes. Sete hospitais formam sua rede hospitalar e a prefeitura mantém em funcionamento 23 centros de saúde, três policlínicas e um pronto-atendimento, além de equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Recentemente, foram inaugurados o Pronto Socorro Odontológico, atendimento que não havia na cidade, e também os Serviços Especializados de Odontopediatria e de Odontologia Oncológica.

Hospitais de Montes Claros apresentam suas queixas

O superintendente do Hospital Universitário Clemente de Faria, José Otávio Braga Lima, disse que é preciso repensar as redes de urgência e emergência. “Enfrentamos superlotação e mais de um terço de nossos profissionais tem contratação precária”, acrescentou. Para ele, a construção do Hospital do Trauma resolveria grande parte dos problemas relacionados às redes de urgência e emergência.

O provedor do Hospital Aroldo Tourinho, Paulo César Gonçalves de Almeida, disse que é preciso haver ação integrada de todos os atores envolvidos com a saúde de Monte Claros para resolução de problemas na área. Ele criticou a falta de regularidade de repasses de recursos para o hospital, que conta com 214 leitos, por parte do município e do Estado. “Chega o fim do mês e temos que pagar os profissionais, mas a verba não chega. O que fazer?”, queixou-se.

O provedor da Santa Casa do município, Heli de Oliveira Penido, disse que o hospital realizou cerca de 600 mil atendimentos em 2014. O local possui 350 leitos, mas, em sua opinião, não são suficientes. “Nosso pronto-socorro é algo de condoer os corações, pois temos lá, às vezes, 50 pacientes no corredor”, contou.

Deputados apontam problemas e soluções para a saúde

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Arlen Santiago (PTB), apoiou as solicitações do prefeito de Montes Claros e disse que a comissão vai apresentar requerimentos para tentar atender às reivindicações. Sobre o Hospital do Trauma, ele disse que a comissão vem frequentemente fazendo cobranças para a sua construção.

Na visão do deputado, são poucos os investimentos públicos na saúde. Ele criticou a tabela do SUS, principalmente a falta de correção, há mais de 15 anos, do valor da consulta médica especializada. O parlamentar afirmou que o SUS paga R$ 300 reais por um plantão de 12 horas, R$ 483 por um parto e R$ 5,56 por um raio X, sendo que só o filme para a realização desse exame custa mais de R$ 12.

O parlamentar sugeriu algumas medidas para minimizar os problemas do setor. “Uma delas é tentar baixar os juros das dívidas de hospitais públicos. Já a tabela do SUS, se corrigida pela inflação da época em que foi feita a correção pela última vez, teríamos um aumento de quase 100%, o que já seria um caminho”, salientou. Segundo ele, hospitais não estão tendo mais como se manter. “Os prefeitos vêm sendo obrigados a gastar 20%, 25% ou 30% de seu orçamento para cuidar da saúde”, criticou.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) disse que o problema de saúde não é de gestão. “É, sim, de financiamento”, afirmou. Segundo ele, a União sempre foi omissa com relação à saúde pública. “Por isso, hoje, nossos hospitais encontram-se abarrotados”, salientou. O deputado elogiou o trabalho da Santa Casa de Montes Claros e falou, ainda, que o Norte de Minas precisa de um atendimento diferenciado na área de saúde.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) disse que são vários os vilões da saúde. “No entanto, acho mais importante encontrar as soluções que buscar os culpados dos problemas”, afirmou. Ele falou sobre alguns avanços no setor, como a existência do Samu. “Mas muito tem que se fazer ainda. Não vou sossegar enquanto não houver melhorias”, disse. O parlamentar contou, também, que não fez medicina pra defender sua classe, e, sim, para defender a vida.

Investimentos – Sobre os investimentos na área, Doutor Jean Freire afirmou que, em 2014, dos R$ 300 milhões que foram repassados para a saúde de Montes Claros, R$ 220 milhões vieram do Governo Federal, R$ 60 milhões, do município e R$ 20 milhões, do governo estadual. O parlamentar criticou, ainda, o excesso de exames pedidos por médicos. “Quase 60% dos resultados desses exames não são sequer recolhidos pelos pacientes”, pontuou.

O deputado Ricardo Faria (PCdoB) disse que o subfinanciamento é a “fratura exposta” de nosso sistema de saúde. Ele disse que a União investe pouco na saúde e que o Estado não investe o que é preconizado pela Constituição, deixando o financiamento da saúde como obrigação dos municípios. O parlamentar elogiou, ainda, o trabalho dos hospitais filantrópicos do Estado. Já o deputado Gil Pereira (PP) também reivindicou agilidade na construção do Hospital do Trauma, que, segundo ele, já está no orçamento de 2015 do Estado. “É um grande sonho da região viabilizar a existência desse hospital”, pontuou.

Consulte o resultado da reunião.