A instituição acumulou um déficit de R$ 1,8 milhão em sua receita própria no ano de 2014

Epamig sofre com falta de recursos para sua manutenção

Deputados da Comissão de Política Agropecuária visitaram a entidade nesta quinta-feira (16).

16/04/2015 - 16:04

A falta de recursos para custeio e manutenção da infraestrutura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) é um dos principais problemas enfrentados pela instituição, que acumulou um déficit de R$ 1,8 milhão em sua receita própria no ano de 2014. A informação foi repassada pelo presidente da Epamig, Rui da Silva Verneque, aos deputados da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), durante visita à entidade nesta quinta-feira (16/4/15).

De acordo com Verneque, os recursos para o custeio da empresa são insuficientes, já que o Governo do Estado não realiza repasses para esse tipo de despesa. Para resolver a questão, a principal alternativa apontada por Verneque e corroborada pelos deputados Fabiano Tolentino (PPS) e Nozinho (PDT) foi a negociação com o governo, sensibilizando-o para a necessidade de garantir pelo menos parte desse custeio.

A situação nos primeiros meses de 2015 não é diferente, já que, segundo o presidente da Epamig, já foram gastos R$ 1,4 milhão de uma receita de pouco mais de R$ 1 milhão para o custeio da Epamig. “Já estamos em déficit e precisamos de recursos. Sem isso, não conseguimos avançar”, afirmou.

PEC 2/15 – A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 2/15, que tem como primeiro signatário o deputado Antônio Carlos Arantes (PSDB), acrescenta parágrafo ao artigo 212 da Constituição do Estado, de forma a garantir que 10% dos recursos destinados à Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) sejam direcionados às entidades de pesquisa agropecuária, para a manutenção da sua infraestrutura.

Apesar dessa proposta, Verneque defendeu que um acordo com o Governo do Estado, que garanta recursos para o custeio da Epamig, deve ser a principal linha de ação da empresa, com o apoio dos parlamentares da comissão. Isso porque, na avaliação do presidente, a PEC 2/15 poderia resolver a questão dos recursos para o custeio da empresa, mas, por outro lado, poderia prejudicar o repasse de verbas para a realização de pesquisas da Epamig. “A equipe técnica é eficiente na captação de recursos para os projetos de pesquisa. A dificuldade é manter a estrutura para dar suporte a esses pesquisadores”, explicou Enilson Abrahão, da Diretoria de Administração e Finanças da empresa.

O deputado Fabiano Tolentino defendeu que o Orçamento do Estado para o próximo ano contemple recursos para o custeio da Epamig. “Cabe a nós buscar uma solução. Vamos cobrar uma parceria do Estado”, disse. O deputado Nozinho destacou a importância da Epamig e destacou que o Estado não pode ficar alheio à situação financeira da instituição.

Pesquisa - Outro dado apontado por Verneque que mostra o pequeno aporte de recursos estaduais na empresa foi com relação aos recursos para os projetos de pesquisa. Segundo ele, de um volume total de R$ 23 milhões destinados aos 366 projetos de pesquisa em execução, apenas 23% (R$ 5,3 milhões) provêm do Governo do Estado, contra 71% do Governo Federal.

Outra dificuldade, segundo o presidente da empresa, é com relação aos recursos oriundos de convênios para projetos técnicos. De acordo com Verneque, apenas 13% desses recursos foram executados em 2014, devido a questões burocráticas ou pela incapacidade da própria Epamig em executá-los.

A necessidade de realização de concurso público para recomposição de seu quadro de pessoal também foi apontada por Verneque como um desafio para a Epamig. Segundo ele, a empresa conta com 919 funcionários nas suas 42 unidades em todo o Estado. Desse total, 166 são pesquisadores, número que, segundo ele, deveria ser de 250 profissionais.

Empresa se destaca em pesquisas com videiras e oliveiras

O presidente da Epamig também apresentou um panorama dos projetos realizados pela empresa, que se destina ao desenvolvimento e modernização da agropecuária em Minas Gerais. Um dos destaques apontados por ele foi com relação à produção de azeite de oliva. De acordo com Verneque, desde 1970 a empresa é pioneira em pesquisas sobre oliveiras, que são cultivadas em 71 municípios do Estado.

Outro projeto importante destacado pelo presidente foi com relação à pesquisa com uvas e vinhos. Segundo Verneque, a empresa desenvolve a técnica de dupla poda, que permite a alteração da época de colheita da videira para os meses de inverno, o que possibilita a produção de vinhos finos e de alta qualidade.

A Epamig, de acordo com Verneque, também é uma das instituições mais fortes em pesquisa com café no País, destacando-se também na produção de bananas no Norte de Minas. Segundo ele, a região produz uma média de 23 toneladas de bananas por hectare, podendo chegar a até 50 toneladas, em oposição a uma média nacional de 14 toneladas/hectare ao ano.

Verneque ainda informou que, no ano passado, cerca de 230 tecnologias foram geradas e lançadas a partir de projetos de pesquisa desenvolvidos pela Epamig. Ainda de acordo com ele, os próximos anos devem registrar um aumento da demanda por alimentos, já que se espera um crescimento de 30% da população mundial. “E só com tecnologia vamos conseguir atender essa demanda”, destacou.

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