Integrantes do Ballet Jovem participaram da audiência pública e defenderam a continuação das atividades
Fred Costa (microfone) disse que Orçamento para 2015 tem uma emenda destinando recursos para o ballet
Segundo participantes da audiência, não existe nenhum outro projeto que realize a função do Ballet Jovem

FCS culpa falta de recursos pelo fim do Ballet Jovem

Fundação Clóvis Salgado pretende focar esforços nos corpos artísticos próprios do Palácio das Artes.

31/03/2015 - 20:32

As atividades do Ballet Jovem do Palácio das Artes foram encerradas devido à falta de recursos e à necessidade da Fundação Clóvis Salgado (FCS) de focar esforços nos seus corpos artísticos próprios. A informação é do presidente da fundação, Augusto Nunes-Filho, que participou de reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (31/3/15).

"Chegamos à conclusão de que a continuidade do Ballet Jovem era incompatível dentro da nossa estrutura”, afirmou Nunes-Filho. De acordo com o presidente da Fundação Clóvis Salgado, o Ballet Jovem realizava editais para seu corpo de baile e audições com características de um grupo privado, mas utilizando a estrutura do Palácio das Artes, que é uma instituição pública.

Segundo Nunes-Filho, o financiamento do Ballet Jovem se dava por meio de editais de incentivo à cultura, especialmente a Lei Rouanet, em nível federal. Além disso, apenas quatro dos 32 integrantes do grupo são ex-alunos do Centro de Formação Artística (Cefar) da Fundação Clóvis Salgado. “Somos responsáveis por três corpos artísticos: Orquestra Sinfônica, Coral Lírico e Companhia de Dança do Palácio das Artes, que foram sucateados ao longo dos anos e serão priorizados nos nossos investimentos”, explicou.

O presidente da Fundação Clóvis Salgado informou também que há um estudo para requalificar o Cefar, com o apoio de Codemig, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e Secretaria de Estado da Cultura. O objetivo é que o centro passe a oferecer também disciplinas técnicas e tecnológicas na área de cenografia, com bolsas para alunos e ex-alunos, rotatividade e acompanhamento pedagógico dos participantes, sem vínculo empregatício.

Deputados querem continuidade do Ballet Jovem

O presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Fred Costa (PEN), rebateu os argumentos do presidente da Fundação Clóvis Salgado. Ele disse que o Orçamento do Estado para 2015, aprovado pela ALMG e remetido à sanção do governador, tem uma emenda destinando recursos para o Ballet Jovem. Ele também defendeu que instituições estaduais podem ajudar o Ballet. “A Cemig teve lucro de R$ 3 bilhões no ano passado, mas não tem R$ 25 mil por mês para o Ballet Jovem?", questionou. "Quero crer que essa não seja uma decisão de governo, e nem que seja definitiva”, continuou.

Ele destacou ainda que o Ballet Jovem garante a jovens de condição menos privilegiada especialização ministrada por pessoas capacitadas, à qual eles não teriam acesso em outras condições. E frisou também que o maior reconhecimento do grupo é o grande aproveitamento de seus alunos em companhias de dança nacionais e internacionais.

O deputado Wander Borges (PSB) disse que o Ballet Jovem é um exemplo para todo o Estado e precisa continuar. “O custo mensal das atividades é de R$ 24 mil, incluindo as bolsas para 16 bailarinos”, argumentou.

Contraponto - O deputado Paulo Lamac (PT) disse acreditar que é preciso pensar no futuro dos jovens e que, ao se envolver em atividades culturais, eles deixam de se dedicar a atividades violentas. No entanto, ele destacou que a redução orçamentária força as secretarias de Estado a fazerem escolhas difíceis, de priorização de determinados projetos em detrimento de outros. “Em 2015, o Estado vai gastar R$ 6 bilhões a mais do que arrecada", ilustrou.

Bailarinas defendem continuidade das atividades 

Integrante do Ballet Jovem, a bailarina Bárbara Maia argumentou que, na edição de 24 de fevereiro deste ano do Minas Gerais, foi publicada a prorrogação da execução da Big Band e do Ballet Jovem, para atendimento das demandas da programação da temporada 2015.

Ela também rebateu a justificativa de que as atividades foram paralisadas pela não captação total de recursos da Lei Rouanet. “Somos alunos de um curso de extensão, não temos vínculo empregatício. A captação está em processo e pode acontecer em sua totalidade. Se isso ocorrer, nossos 16 bolsistas podem receber. Somos alunos matriculados, apenas com as atividades interrompidas”, afirmou.

Também do Ballet Jovem, Caroline Natália Rodrigues Teixeira endossou a fala da colega. “Queremos continuar como sempre estivemos. Atualmente não existe nenhum outro projeto que realiza a função do Ballet Jovem”, disse.

Consulte o resultado da reunião.