O médico Ricardo Costa Val do Rosário (à esquerda) fez denúncias de negligência no atendimento de pacientes por profissionais da Unimed-BH

Médico denuncia suposta negligência no Hospital da Unimed

Denunciante disse à Comissão de Direitos Humanos que pacientes em estado crítico receberiam alta precipitadamente.

17/12/2014 - 12:31 - Atualizado em 17/12/2014 - 14:35

Procedimentos médicos incompatíveis com as boas práticas clínicas e a concessão inadequada de alta a pacientes em estado grave e que, assim, ficam expostos ao risco de morte. Essas foram algumas das denúncias feitas pelo médico Ricardo Costa Val do Rosário, cuja mãe teria sido vítima de negligência no atendimento prestado pelo Hospital da Unimed em Belo Horizonte. O assunto foi discutido nesta quarta-feira (17/12/14), em audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Um dos requerimentos aprovados na reunião solicita a realização de uma auditoria na Unimed, o que, segundo o deputado Durval Ângelo (PT), que preside a comisão e solicitou a audiência, poderia levar ao seu descredenciamento. O parlamentar também criticou a ausência de um representante da Unimed na audiência, o que, na sua opinião, caracterizaria a falta de compromisso e transparência da instituição.

No dia 5 de agosto de 2014, a mãe de Ricardo do Rosário, Maria Therezinha da Costa Val Araújo, faleceu no Hospital Vera Cruz, após complicações em seu quadro de saúde. No entanto, na avaliação de Ricardo, o óbito de sua mãe foi “anunciado” e o seu direito à vida foi negado, devido às negligências médicas supostamente cometidas alguns dias antes, no Hospital da Unimed.

Ricardo relatou que no dia 10 de julho, sua mãe teria ido ao Hospital da Unimed e, após fazer uma transfusão de sangue e ser diagnosticada com um caso de gripe, teria recebido alta, sem que nenhuma informação mais detalhada fosse dada à família. No entanto, de acordo com os exames feitos na data, a que Ricardo teve acesso posteriormente, Maria Therezinha estava com anemia e insuficiência cardíaca, o que caracterizaria um quadro de internação e cuidados intensos.

No dia 12, em consulta a uma hematologista de confiança, a médica teria indicado mais duas transfusões de sangue, a serem feitas no dia 14, com o encaminhamento de Maria Therezinha para um CTI. Na ocasião, a médica disse que no dia 10 havia conversado por telefone com o plantonista que atendeu a mãe de Ricardo no Hospital da Unimed, e que teria sido informada que a paciente apresentava nível 6 de hemoglobina (o normal para uma mulher seria entre 12 e 15), fato que, para Ricardo, seria mais um indicativo da necessidade de internação de sua mãe.

Ao retornar ao Hospital da Unimed no dia 14, Maria Therezinha teria feito outra transfusão de sangue, mas foi novamente liberada. No dia 16 de julho, após complicações em seu estado de saúde, a paciente foi levada ao Hospital Vera Cruz, onde faleceu no início de agosto. “Foi tirado de nós o direito de salvá-la. Negligencia medica é crime porque o medico sabia que o caso dela era grave”, disse.

Casos recorrentes – Ricardo contou que, antes do episódio ocorrido com sua mãe, há vários meses ele já vinha observando como médico plantonista a ocorrência de casos similares, em que pacientes com diagnósticos mais graves ou exames alterados eram liberados pelo hospital precipitadamente, sem que fossem sequer realizados exames básicos que devem ser feitos. Ele disse que apresentou à diretoria da instituição cerca de 20 protocolos relatando esse tipo de caso, mas que nenhuma resposta lhe foi dada.

“Eu teria que ter sido pelo menos chamado para ver se minha denúncia era verdade ou não. Os diretores foram coniventes com os casos de má pratica clinica. Então, eles assumiram o risco de haver mortes. Ao denunciar, fiz meu papel como cidadão e como médico cooperado”, afirmou.

Durante a reunião foram aprovados ainda requerimentos encaminhando as notas taquigráficas da reunião e os documentos apresentados por Ricardo ao Ministério da Saúde, com pedido de realização de uma auditoria na Unimed; à Secretaria de Estado de Saúde, à Agência Nacional de Saúde, à Promotoria de Saúde de Minas Gerais, à Procuradoria Federal de Direitos Humanos em Minas Gerais e à Defensoria Pública Federal.

Médico - Ricardo Costa Val do Rosário é médico especialista em Cirurgia Geral, Cirurgia Cardiovascular e Angiologia/Cirurgia Vascular, com atuação no Hospital João XXIII desde 1997. Mestre e doutor em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ricardo também foi presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia - Regional Minas Gerais (SBACV-MG) - e vice-diretor científico da SBACV Nacional.

Consulte o resultado da reunião.