O presidente da comissão e relator, deputado Zé Maia (PSDB), opinou pela aprovação da proposição com 439 emendas e pela rejeição de outras 95

Ciclo orçamentário do Estado

Parecer sobre o Orçamento é distribuído em avulso

Nova reunião para analisar o projeto está convocada para a noite desta quinta-feira (18).

18/12/2014 - 19:29

Em reunião da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária (FFO) ampliada com membros das demais comissões permanentes da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na tarde desta quinta-feira (18/12/14), foram distribuídos avulsos (cópias) do parecer de turno único sobre o Projeto de Lei (PL) 5.497/14, do governador, que contém o Orçamento do Estado para 2015.

O presidente da comissão e relator, deputado Zé Maia (PSDB), opinou pela aprovação da proposição com 439 emendas e pela rejeição de outras 95. A comissão tem reunião convocada para as 20h35 desta quinta-feira (18) para votar o parecer.

Para o próximo ano, o Orçamento do Estado prevê receitas e despesas de R$ 91,02 bilhões, valor 6,3% maior que o de 2014. O Orçamento total é formado pelos orçamentos fiscal e de investimento das empresas controladas pelo Estado, além das receitas e despesas intraorçamentárias.

O orçamento fiscal se refere aos Três Poderes e órgãos da administração pública direta e indireta, e foi estimado em R$ 72,43 bilhões, o que representa um crescimento real de 4,47% em relação a 2014.

Quanto às receitas e despesas intraorçamentárias, foi estimado um crescimento de 15,77%, passando de R$ 9,43 bilhões (2014) para R$ 10,9 bilhões (2015). Essas receitas e despesas são aplicações diretas decorrentes de operações entre órgãos, fundos e entidades integrantes do orçamento fiscal.

Já o orçamento de investimento das empresas controladas pelo Estado será 12,62% maior no próximo ano, passando de R$ 6,8 bilhões para R$ 7,66 bilhões. A maior parte desses investimentos é realizada pela duas principais empresas estatais - Cemig e Copasa.

Arrecadação – A arrecadação do próximo ano foi estimada utilizando-se como parâmetros a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% e inflação anual de 5%, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Esses parâmetros divergem dos calculados pelo mercado, de acordo com o relatório Focus do Banco Central de novembro. Segundo esse documento, as projeções de inflação para 2015, medidas pelo IPCA e pelo IGP-DI, atingem 6,4% e 5,57%, respectivamente. Quanto ao crescimento do PIB, a estimativa é de 0,8% para o próximo ano.

Crescem gastos com segurança e saúde

Nas despesas estimadas para 2015, foi previsto um aumento significativo dos gastos com segurança pública e saúde, de 84% e 34%, respectivamente. A despesa total prevista para 2015 é de R$ 72,43 bilhões, descontando daí as despesas intraorçamentárias, estimadas em R$ 10,93 bilhões.

Da despesa total, R$ 30,69 bilhões são de recursos ordinários e R$ 41,74 bilhões de recursos vinculados, o que evidencia o grande montante de despesas com obrigações constitucionais e legais. Na comparação com o Orçamento 2014, as despesas com recursos ordinários e vinculados terão aumentos da ordem de 16% e 5%, respectivamente.

Veja no quadro abaixo as despesas programadas por grupo em 2014 e 2015: 

Tipo de despesas
Valores Atualizados (em R$ mil)

Orçamento 2014

Orçamento 2015

Variação anual

Participação no total de despesas

Despesas Correntes

57.972.075

62.278.474

7,43%

85,99%

Pessoal e Encargos Sociais

32.404.891

34.684.340

7,03%

 

47,89%

Juros e Encargos da Dívida

2.872.033

3.244.975

12,99%

4,48%

Outras Despesas Correntes

22.695.151

24.349.159

7,29%

33,62%

Custeio

10.616.251

11.617.157

9,43%

16,04%

Transferências Constitucionais aos Municípios

12.078.900

12.732.002

5,41%

17,58%

Despesas de Capital

10.709.431

9.498.287

-11,31%

13,11%

Investimentos

6.264.656

6.195.251

-1,11%

8,55%

Inversões Financeiras

2.077.285

628.174

-69,76%

0,87%

Amortização da Dívida

2.367.490

2.674.862

12,98%

3,69%

Reserva de Contingência

646.165

650.522

0,67%

0,90%

Educação, PM e previdência representam 56% dos gastos com pessoal

Entre as despesas correntes, aquelas com pessoal e encargos sociais são as mais representativas - somam 47,89% da despesa fiscal. O crescimento real em relação a 2014 é de 7,03%.

A tabela abaixo detalha as despesas com pessoal e encargos sociais, organizada por Poder e órgão. Para o Executivo, foram explicitados os órgãos que concentram a maior parte dos gastos: a Secretaria de Estado de Educação, a Polícia Militar e o Fundo Financeiro de Previdência (Funfip), que respondem juntos por 56,15% dos gastos com pessoal. Os demais órgãos do Executivo somam 26,13% dos gastos.

O Poder Judiciário é responsável por 10,36% dos gastos com pessoal; o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas, representa outros 4,08%; e o Ministério Público responde por 3,28% da despesa com pessoal.

Nas despesas com pessoal estão incluídos os gastos com a previdência dos inativos. 

Despesa do Grupo Pessoal e Encargos Sociais por Poder
Valores Atualizados (em R$ mil)

Poder/Órgão

Orçamento 2014

Orçamento 2015

Variação anual

Participação no total de despesas com pessoal

EXECUTIVO

26.664.726

28.538.579

7,03%

82,28%

Funfip

6.933.367

7.406.677

6,83%

21,35%

Secretaria de Estado de Educação

6.813.295

5.855.704

-14,05%

16,88%

Polícia Militar

5.754.005

6.214.443

8,00%

17,92%

Ativos e encargos

2.488.626

1.884.225

-24,29%

5,43%

Inativos

3.265.379

4.330.218

32,61%

12,48%

Demais órgãos

7.164.059

9.061.755

26,49%

26,13%

JUDICIÁRIO

3.326.149

3.594.681

8,07%

10,36%

Tribunal de Justiça

3.287.858

3.557.760

8,21%

10,26%

Ativos e encargos

2.356.135

2.559.080

8,61%

7,38%

Inativos

931.722

998.681

7,19%

2,88%

Tribunal de Justiça Militar

38.292

36.920

-3,58%

0,11%

Ativos e encargos

26.767

25.326

-5,38%

0,07%

Inativos

11.525

11.595

0,60%

0,03%

MINISTÉRIO PÚBLICO

1.052.333

1.137.058

8,05%

3,28%

Ativos e encargos

849.946

853.725

0,44%

2,46%

Inativos

202.388

283.333

40,00%

0,82%

LEGISLATIVO

1.361.684

1.414.022

3,84%

4,08%

Assembleia Legislativa

907.092

875.988

-3,43%

2,53%

Ativos e encargos

593.144

551.055

-7,10%

1,59%

Inativos

313.948

324.932

3,50%

0,94%

Tribunal de Contas

454.592

538.035

18,36%

1,55%

Ativos e encargos

326.789

390.429

19,47%

1,13%

Inativos

127.803

147.605

15,49%

0,43%

Todos os Poderes

32.404.893

34.684.340

7,03%

100,00%

Fonte: Projetos de Lei Orçamentária 2014 e 2015.

Notas: 1 – Não foram consideradas despesas intraorçamentárias;

2 – Valores atualizados com base nos parâmetros macroeconômicos constantes na Lei de Diretrizes Orçamentárias de Minas Gerais para 2015;

3 – A coluna Variação Anual refere-se à variação da despesa prevista para 2015 em relação à prevista para 2014. A coluna Participação refere-se ao percentual da despesa com pessoal do
Poder em questão na despesa total com pessoal prevista para 2015.

Na comparação da proposta orçamentária para 2015 com o Orçamento 2014, as despesas com pessoal e encargos sociais terão um crescimento real de 7,03%. Essas despesas terão aumento de 7,03% no Poder Executivo, 8,07% no Judiciário, 8,05% no Ministério Público e 3,84% no Poder Legislativo.

Os gastos com pessoal inativo (somados os pensionistas) terão aumento de 15,49% em 2015. Por sua vez, os juros e encargos da dívida estadual, que correspondem a 4,48% da despesa total de 2015, apresentam crescimento de 12,99% em relação a 2014.

Transferências aos municípios - O segundo grupo mais representativo - outras despesas correntes - corresponde a 33,62% da despesa fiscal, apresentando um crescimento de 7,29% em relação a 2014.

As transferências aos municípios, decorrentes de determinação constitucional, são constituídas de parcelas de impostos como ICMS, IPVA, IPI e Cide, além da dívida ativa e multas e juros de mora do ICMS e IPVA. Essas últimas são responsáveis por 17,58% dos gastos, e terão crescimento real de 5,41% em 2015.

Já no subgrupo custeio, que representa o custo operacional da implementação das políticas públicas pela administração estadual (responsável por 16,04% da despesa total), o crescimento em relação a 2014 é da ordem de 9,43%.

Nas despesas de capital (que representam 13,11% do gasto global), prevê-se o aumento de 12,98% das despesas com amortização da dívida pública e a redução de 69,76% das inversões financeiras. Está projetada a redução de R$ 1,11 bilhão na capitalização dos recursos de contribuição previdenciária do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais (Funpemg), extinto ao final de 2013, e de outros R$ 560 milhões na transferência de recursos do Estado para empresas estatais.

As despesas de capital são aquelas realizadas para formar ou adquirir ativos reais, abrangendo, entre outras ações: planejamento e execução de obras, compra de instalações, equipamentos, material permanente, títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer natureza, bem como as amortizações de dívida e concessões de empréstimos.

Limites constitucionais e legais

A obrigatoriedade de aplicação de recursos em áreas relevantes e a restrição do gasto em áreas sensíveis para o equilíbrio fiscal são determinadas por dispositivos constitucionais e legais. Essas aplicações e restrições devem ser observadas na lei orçamentária.

Educação – Os gastos com manutenção e desenvolvimento do ensino estão estimados em R$ 10,35 bilhões, o que representa 25,04% da receita de impostos considerada para o cálculo. O percentual mínimo previsto pela Constituição Federal para aplicação dos Estados na educação é de 25%.

Saúde – Os gastos com ações e serviços públicos de saúde foram estimados em R$ 4,96 bilhões, representando 12% da receita de impostos e transferências consideradas para o cálculo. Esse é o percentual mínimo de aplicação na saúde pelos Estados, estabelecido pela Constituição Federal.

Despesas com pessoal - A despesa com pessoal projetada para 2015 é de R$ 27,51 bilhões, representando 51,43% da Receita Corrente Líquida (RCL). Os gastos dos Três Poderes, com suas respectivas participações na RCL, estão previstos conforme o quadro abaixo:
 

Poder

Previsão (valores em R$ mil)

Participação na RCL (%)

Limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (percentual da RCL)

Legislativo (inclusive TCE)

1.068.639

2,00%

3,00%

Judiciário

2.911.378

5,44%

6,00%

Ministério Público

915.777

1,71%

2,00%

Executivo

22.618.554

42,28%

49,00%

Total – Todos os Poderes

27.514.348

51,43%

60,00%

Receita Corrente Líquida

53.502.183

Fonte: Projetos de Lei Orçamentária 2014 e 2015.

 Com maior endividamento, receitas de capital têm queda

Da receita total de R$ 83,35 bilhões projetada para 2015, a maior parte (R$ 76,91 bilhões) é formada pelas receitas correntes, que terão acréscimo de 6% na comparação com 2014. As receitas correntes são aquelas que se esgotam no período de um ano, destacando-se entre elas as receitas tributárias.

A tabela abaixo mostra a distribuição das receitas no Orçamento de 2015: 

Descrição da receita
(Valores em R$ mil)

Orçamento 2014

Orçamento 2015

Variação anual (%)

Participação (%)

Receitas Correntes

72.556.957

76.914.915

6,01%

92,27%

Receitas de Capital *

4.513.914

3.551.528

-21,32%

4,26%

Receita Intraorçamentária

9.439.365

10.927.706

15,77%

13,11%

Deduções da Receita Corrente **

-7.743.200

-8.039.161

3,82%

-9,64%

Total

78.767.036

83.354.989

5,82%

100,00%

Fonte: Projetos de Lei Orçamentária 2014 e 2015


Observações:

* As Receitas de Capital são as provenientes de: operações de crédito (empréstimo e financiamentos), alienações de bens (venda de bens e alienação de direitos), amortizações de empréstimos concedidos (retorno de valores emprestados a outros órgãos), transferências de capital (recursos recebidos de outras entidades, destinados à aquisição de bens); e outras receitas de capitais (receitas não especificadas na lei e o superávit do orçamento corrente).

A redução de 21,32% na estimativa para 2015 das Receitas de Capital se deve principalmente à redução das operações de crédito.

** As deduções da Receita Corrente correspondem aos valores repassados pelo Estado ao Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Ele é composto, principalmente, pelas parcelas das receitas de: tributos estaduais ICMS, IPVA e ITCD; Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Fundo de Participação dos Estados (FPE), respectivamente, tributo e fundo federais, que têm parte repassada aos Estados, os quais por sua vez, repassam ao Fundeb.

ICMS e receitas tributárias - Nas receitas correntes, o item de maior expressão é a receita tributária, que representa 61,54% do total previsto para 2015. Em valores atualizados pela inflação prevista no período, prevê-se crescimento de 5,46% na comparação com 2014.

O principal componente da receita tributária é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que representa 81,2% dessa receita e 49,97% da receita total do Estado. A estimativa é de que a arrecadação do ICMS seja 4,74% maior que em 2014, alcançando R$ 41,65 bilhões em 2015. Quanto ao Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA), prevê-se crescimento real de 9,36% na arrecadação, na comparação com 2014.

Veja no quadro abaixo o detalhamento da distribuição da receita fiscal:

Descrição da receita
(Valores em R$ mil)

Orçamento 2014

Orçamento 2015

Variação anual (%)

Participação (%)

Receitas Correntes

72.556.957

76.914.915

6,01%

92,27%

Receita Tributária

48.639.312

51.297.029

5,46%

61,54%

ICMS

39.767.104

41.652.149

4,74%

49,97%

IPVA

3.459.775

3.783.497

9,36%

4,54%

Imposto de Renda Retido na Fonte

2.408.786

2.552.340

5,96%

3,06%

Taxas

2.399.663

2.684.661

11,88%

3,22%

ITCD

603.985

624.382

3,38%

0,75%

Transferências Correntes

14.011.069

14.514.462

3,59%

17,41%

Receita Patrimonial

4.414.322

4.769.857

8,05%

5,72%

Receita de Contribuições

2.922.929

3.392.122

16,05%

4,07%

Outras Receitas Correntes

1.638.274

1.822.314

11,23%

2,19%

Receitas de Serviços

585.677

626.547

6,98%

0,75%

Receita Industrial

339.261

487.687

43,75%

0,59%

Receita Agropecuária

6.112

4.897

-19,88%

0,01%

Fonte: Projetos de Lei Orçamentária 2014 e 2015.

Consulte o resultado da reunião.