A ditadura militar foi um dos momentos históricos revisitados pela Assembleia de Minas. O período foi tema de mostra na Galeria de Arte, entre outros eventos - Arquivo/ALMG
Medalha comemorativa lançada pela Casa da Moeda traz a imagem do profeta Daniel e o retrato de Aleijadinho - Arquivo/ALMG
A obra da Praça Carlos Chagas é uma iniciativa da ALMG em parceria com a PBH

Resgate da história e promoção da cultura marcam 2014

Ditadura militar e Barroco Mineiro estiveram entre os assuntos tratados em diferentes eventos na ALMG.

18/12/2014 - 15:01

Em 2014, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desenvolveu diversas ações voltadas para a preservação do patrimônio histórico e a promoção da cultura. Foram revisitados momentos históricos importantes, com o objetivo de fortalecer a cidadania e ajudar na conscientização política dos cidadãos mineiros.

Os 50 anos do golpe de 1964, que instaurou a ditadura militar no Brasil, inspiraram uma série de eventos. O Ciclo de Debates Resistir Sempre, Ditadura Nunca Mais, realizado nos dias 31 de março e 1º de abril, reuniu autoridades e especialistas que rememoraram esse triste período da história nacional.

“Mais de 500 peças de teatro caíram na gaveta do esquecimento de 1968 a 1984, assim como filmes, discos, livros e revistas, entre outras produções culturais. Todo o pensamento de uma geração foi jogado na lata de lixo”, lamentou o diretor de teatro Pedro Paulo Cava durante o evento. Cava, que também é ator, dramaturgo, produtor e professor de teatro, foi censurado durante a ditadura e participou do ciclo de debates para contar sua história ao lado de tantos outros estudiosos e militantes dos direitos humanos.

Ainda sob o lema “lembrar é resistir”, a Comissão de Direitos Humanos realizou audiências públicas para tratar de temas como a repressão aos povos indígenas e atentados cometidos por grupos paramilitares de extrema direita durante o regime militar. Foi concedido, ainda, o título de cidadão honorário de Minas Gerais ao arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, que teve uma importante atuação na luta contra a ditadura. Essa homenagem foi também a reparação de um erro histórico - em 1979, o Plenário rejeitou a concessão dessa homenagem ao religioso.

A ditadura militar também foi tema de uma mostra na Galeria de Arte que reuniu notícias de jornais, fotos e charges do período, exibidas ao som de músicas censuradas. Já a TV Assembleia produziu o documentário Na Lei ou na Marra: 1964, Um Combate antes do Golpe, que resgatou a história do ataque de milícias lideradas por fazendeiros ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Governador Valadares, um episódio pouco conhecido que ocorreu às vésperas do golpe de 1964. O programa venceu o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.

Aleijadinho é homenageado

Outra data importante lembrada pela ALMG ao longo do ano foi o bicentenário da morte de Aleijadinho, um dos mestres do Barroco Mineiro.

No dia do Barroco Mineiro, instituído pela mesma lei que estabeleceu 2014 como o Ano do Bicenentenário de Aleijadinho (Lei 20.470, de 2012), foi lançada uma medalha comemorativa, cunhada pela Casa da Moeda. A imagem usada na medalha foi definida em votação realizada no Portal da Assembleia. Trata-se da estátua “Daniel”, escultura em pedra-sabão que integra o conjunto dos Doze Profetas, localizado no adro do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas.

O bicentenário de Aleijadinho também motivou exposições e até uma série de concertos de música barroca com o cravista Antonio Carlos de Magalhães em várias cidades do interior.

Memorial - No contexto de preservação de memória, também merece destaque o Memorial da Assembleia, centro de referência que disponibiliza informações sobre o legado político do Poder Legislativo. Com um grande acervo disponível também na internet, o Memorial foi selecionado, no primeiro semestre de 2014, para participar da 12ª Semana Nacional de Museus, evento anual que comemora do Dia Internacional de Museus (18 de maio).

Música para todos

Para promover a cultura mineira, as portas do Teatro da Assembleia estão abertas para os artistas de todo o Estado no projeto Zás. Sempre às sextas-feiras, ao meio-dia, apresentações de teatro, dança, humor e música tomam conta do espaço, que ofereceu, em 2014, 29 apresentações. Mais de 2 mil pessoas compareceram a esses espetáculos. O Teatro da Assembleia recebe também o programa Segunda Musical, de apresentações de música erudita. Em 2014, foram 28 apresentações, com público de quase 3 mil pessoas.

Outro ambiente da ALMG voltado para a promoção da cultura é a Galeria de Arte localizada no Palácio da Inconfidência. Ao longo de 2014, o espaço recebeu 23 exposições de artesanato e artes plásticas.

Revitalização da Praça da Assembleia

Em junho de 2014 foi iniciada a obra de revitalização da Praça Carlos Chagas, mais conhecida como Praça da Assembleia. O espaço é tombado como patrimônio histórico e integra o conjunto arquitetônico formado também pelo Palácio da Inconfidência e pela Igreja Nossa Senhora de Fátima. A reforma deve durar até 2015 e preservar as características originais da praça. A obra é uma iniciativa da ALMG em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH).

Paralelamente, dois monumentos foram inaugurados pela Assembleia, criados pelo artista plástico Leo Santana. Um deles é a estátua do mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes, instalada no Espaço Democrático José Aparecido Oliveira. Próximo a ela está o monumento em homenagem aos doadores de órgãos, que tem o objetivo de estimular esse importante ato de ajuda ao próximo.

Festividades natalinas

Os eventos de Natal também contribuem para aproximar o cidadão do Parlamento. A Cantata de Natal 2014 reuniu 19 corais, com mais de 300 vozes, e marcou a inauguração da iluminação natalina do Palácio da Inconfidência. Também foi inaugurada a Vila do Papai Noel, uma exposição com 3 mil Papais Noéis de 90 países diferentes.

Em parceria com o Centro Mineiro de Referência em Resíduos Sólidos e associações de catadores de material reciclável, foi desenvolvido um projeto cenográfico de decoração natalina feita com materiais reutilizados. O trabalho incluiu a criação de um presépio de Natal e de adereços decorativos com peças produzidas pelos catadores, que enfeitam a Praça da Assembleia.