Ao todo, 113 estudantes de 27 municípios mineiros participaram dos grupos de trabalho
Igor Evangelista contou que passou a gostar de política
Robson Sávio relatou que o projeto proporciona convívio entre estudantes

Estudantes propõem políticas públicas para os idosos

Foram priorizadas 12 sugestões que serão levadas à plenária estadual do Parlamento Jovem de Minas nesta sexta (31).

30/10/2014 - 20:32

Implantação pelo Governo do Estado, de forma gradativa, de alas geriátricas nos hospitais públicos e conveniados; redução de impostos para empresas que reservem vagas de emprego para idosos; e criação de centro de convivência para funcionar como um espaço de encontro entre jovens e idosos. Essas foram algumas das propostas priorizadas pelos estudantes que participam do Parlamento Jovem de Minas, projeto da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com a PUC Minas e câmaras municipais, na tarde desta quinta-feira (30/10/14), na Escola do Legislativo.

Em sua 11ª edição, a iniciativa tem como tema o “Envelhecimento e qualidade de vida”. Ao todo, foram escolhidas, pelos 113 alunos do ensino médio de escolas públicas e particulares de 27 municípios mineiros participantes, 12 sugestões a serem levadas à plenária estadual, que acontecerá nesta sexta (31) no Plenário da ALMG.

Nesta quinta (30), os alunos se reuniram em grupos de trabalho divididos pelos seguintes subtemas: direito ao envelhecimento com qualidade de vida; promoção da convivência intergeracional; e protagonismo social e político. Dessa forma, chegaram a nove propostas escolhidas entre 56 sugestões aprovadas nas etapas municipais e regionais do Parlamento Jovem, além de terem sido formuladas três novas.

Confira abaixo tabela com todas as propostas priorizadas:

Subtema 1 – Direito ao envelhecimento com qualidade de vida

Subtema 2 - Promoção da convivência intergeracional

Subtema 3 - Protagonismo social e político

Implantação, pelo Governo do Estado, de forma gradativa, de alas geriátricas nos hospitais públicos e nos conveniados com a administração pública onde não existem essas alas e garantia de atendimento por profissionais especializados nas áreas de geriatria;

Criação de centro de convivência com o intuito de funcionar como um espaço de encontro entre jovens e idosos e administrar cursos e palestras que envolvam lazer, arte, música, oficinas, promovendo, assim, a convivência intergeracional;

Criação de projetos que visem à participação dos idosos como protagonistas, com espaço para que eles analisem, debatam e sugiram propostas de leis sobre programas governamentais voltados para eles;

Adaptação dos veículos do transporte público para padronizar a altura dos degraus e implantar e possibilitar a utilização efetiva de elevadores pelos idosos. Os assentos preferenciais deverão ser supervisionados pelos próprios funcionários das empresas;

Capacitação dos professores dos ensinos infantil, fundamental e médio para trabalharem transversalmente o tema do envelhecimento e elaborarem projetos voltados aos direitos dos idosos e ao incentivo à interação entre eles e a comunidade, promovendo a convivência intergeracional;

Criação do programa Observatório Estadual do Idoso para acompanhar os conselhos municipais que tratam de assuntos comuns aos idosos de maneira a garantir oportunidades, políticas públicas e cumprimento da legislação;

Criação pelo Governo do Estado do Centro de Apoio e Valorização do Idoso (Cavi) e adaptação dos centros já existentes, para promover a socialização com atendimento diurno, proporcionando atividades culturais, educacionais, esportivas e de lazer. Os centros também devem ter atendimento médico especializado e também fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas.

Criação do Projeto Conviver nas escolas das redes municipal e estadual, com objetivo de criar espaços de encontro e diálogo entre jovens e idosos, promovendo a mudança da imagem negativa que se tem do envelhecimento, por meio de atividades recreativas e socioculturais;

Fortalecimento da realização de campanhas para divulgar legislação referente aos direitos dos idosos pelos conselhos municipais;

Criação da Secretaria Estadual do Idoso, para formular, executar, avaliar e aprimorar a gestão da política estadual de atendimento à pessoa idosa. Focará na valorização desse segmento da populção, fortalecendo ações e criando novos projetos e políticas públicas específicas, visando à qualidade de vida do idoso.

Criação, pela ALMG, da Caravana da Terceira Idade, em parceria com escolas da rede pública e escolas do legislativo nos municípios onde existam, com o objetivo de oferecer informações de utilidade pública para os idosos (sobre previdência social e Estatuto do Idoso, por exemplo), além do desenvolvimento de atividades culturais e de auxílio à saúde.

Reduzir cargas tributárias de empresas que reservem, no mínimo, 10% das vagas de emprego para idosos ou aposentados.

Projeto desperta estudantes para a política

Consciência política. Essas duas palavras ilustram o que grande parte dos estudantes afirmam ter conquistado com a participação no Parlamento Jovem. E é com esse espírito que definiram o documento com propostas. Apesar de novos, os alunos demonstram maturidade. É o caso de Igor Henrique Evangelista, de 16 anos, estudante da Escola Estadual Professor Emílio Pereira de Magalhães, de Itabira (Região Central do Estado). “Muitas vezes, achamos que a política é algo distante. Mas, a partir do projeto, você sente que também a integra, você percebe o quanto sua opinião é importante”, ressaltou.  

Igor contou que, com o projeto, passou a gostar de política, fez questão de tirar o título de eleitor e votou pela primeira vez nestas eleições. “Cresceu o interesse em entrar para a política, em fazer o máximo pela sociedade”, acrescentou. Para o aluno, a temática do idoso que norteou os trabalhos também foi interessante. “Para a gente, talvez possa ser difícil pensar sobre a velhice, pois somos jovens. Mas todos nós temos idoso na família. Então, é preciso pensar sobre isso”, enfatizou.

Para Pedro Augusto de Oliveira Freitas, também de 16 anos, o grande ganho com a participação no Parlamento Jovem é o conhecimento. Estudante do Colégio Batista Mineiro, de Uberlândia (Triângulo mineiro), ele contou que essa é uma forma de ampliar a participação política. Pedro Augusto ressaltou que o tema foi desafiador. “Podemos chegar lá. Temos que pensar sobre isso”, ponderou.

Segundo Daniel Vitor Costa Mucci, 17 anos, estudante do Colégio São Miguel Arcanjo, de Belo Horizonte, é interessante a possibilidade de ser protagonista a partir do momento em que se pode desenvolver e levantar propostas, além de participar da escolha final. Daniel afirmou que as interações com outros colegas, os diálogos e a visão proporcionada pelo Parlamento Jovem sobre política vão auxiliá-lo bastante na carreira que pretende seguir no campo das Ciências Sociais.

Já Thais Martins, de 18 anos, estudante da Escola Estadual Henrique Diniz, também de Belo Horizonte, salientou que o projeto contribui para que o jovem interaja com a política. Para a estudante, que está participando do Parlamento Jovem pela segunda vez, isso faz com que sejam formados cidadãos com condição de eleger de modo consciente os candidatos nas eleições.

Desmistificar - O coordenador regional do Parlamento Jovem na Zona da Mata, Sérgio Dutra, salientou que o projeto é uma oportunidade que os alunos têm de conhecer mais sobre política e desmistificar o assunto de forma a sair do senso comum. Já a coordenadora regional do Sul de Minas, Tatiana Negri Rezende, enfatizou que foi interessante trabalhar com o tema do envelhecimento. “O assunto foi trabalhado para além da nossa expectativa. Em Santa Rita de Caldas, por exemplo, o desfile que marcou a data de 7 de setembro envolveu os idosos. Estudantes distribuíram folhetos com o Estatuto do Idoso”, exemplificou.

Para a coordenadora do Parlamento Jovem em Montes Claros, Susy Caldeira, o jovem tem a necessidade de informação e formação sobre política. “Percebemos que, quando o assunto é ofertado, eles correspondem de modo muito positivo”, disse. A monitora do programa na cidade do Norte de Minas, Maria Luiza Lopes Oliveira, relatou que a participação dos alunos ultrapassa o projeto. “Eles passam a participar de grêmios estudantis e associações de bairro”, contou a jovem, que também já foi aluna no projeto.

Parlamento Jovem aborda educação para cidadania

O coordenador do Parlamento Jovem pela PUC Minas, Robson Sávio, enumera três pontos em que o programa atua. Um deles é a perspectiva da educação para a cidadania. De acordo com Sávio, isso é importante para a juventude porque a escola, do ensino fundamental à universidade, privilegia questões técnicas e de mercado, deixando os assuntos de política e cidadania para segundo plano.

Outro aspecto destacado pelo coordenador é o da aproximação dos estudantes em relação ao Poder Legislativo, que é o mais aberto à participação popular e que possibilita, pelo seu papel de fiscalizar o Executivo, uma proximidade também relativa às políticas públicas. Por fim, Sávio abordou o convívio que o projeto proporciona entre estudantes de realidades diversas no Estado.

O coordenador acrescentou, ainda, que o projeto não traz uma simulação, mas uma participação efetiva. “As propostas priorizadas seguirão para a Comissão de Participação Popular da ALMG, que irá processá-las de forma que poderão se tornar projetos e, posteriormente, políticas públicas”, falou.

Regionalização - A servidora da Escola do Legislativo da ALMG, Leandra Martins de Oliveira, que é uma das coordenadoras do Parlamento Jovem, afirmou que o projeto busca mostrar para os participantes formas de mobilização da sociedade civil. Ela destacou que o diferencial desta edição foi a regionalização, que permitiu que as câmaras municipais se articulassem mais e ampliassem sua participação.