Obra sobre trabalho com presos foi lançada em reunião da Comissão de Direitos Humanos
Durval Ângelo acredita que o livro será referência sobre o trabalho da Pastoral Carcerária

Livro sobre trabalho com presos é lançado na Assembleia

Obra mostra trabalho da Pastoral Carcerária na ressocialização e humanização de detentos.

01/09/2014 - 20:12 - Atualizado em 02/09/2014 - 14:14

Uma perspectiva da vida atrás das grades e do trabalho para a recuperação e humanização dos presos. Esse é o teor do livro “Preso estou, livre serei – Pastoral Carcerária: fundamentos, inspiração, atuação” (Ed.Lutador). A publicação, de autoria do coordenador da Pastoral Carcerária em São Joaquim de Bicas (Região Metropolitana de Belo Horizonte), Frater Henrique Cristianus, foi lançada nesta segunda-feira (1°/9/14) em reunião realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Frater Henrique Cristianus explicou que o livro é dividido em três partes, a primeira delas destinada a contar a realidade socioeconômica do Brasil, com seus desafios e contradições. “A maioria dos presos provém de uma realidade marcada por privações. São pessoas que foram feridas na sua humanidade, rejeitadas, excluídas. A primeira parte termina com a descrição da vida atrás das grades, quando tento analisar a psicologia do preso e o que ele experimenta no seu dia-a-dia”, contou.

A segunda parte do livro, segundo o autor, destina-se a apresentar os fundamentos e objetivos da Pastoral Carcerária, e a terceira parte aborda o trabalho dos membros da pastoral e como se dá o seu relacionamento com os presos. Frater Henrique Cristianus lembrou que a obra é baseada em experiências concretas e trata da ação evangelizadora e de ressocialização nos presídios. “Quem está preso sonha com a liberdade. Essa privação já é um mecanismo de desumanização”, afirmou.

Para o diretor-executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados de Itaúna, Valdeci Antônio Ferreira, o livro é “um grito de profecia, em tempos de tantas dificuldades no sistema carcerário brasileiro”, que, segundo ele, mantém mais de 700 mil homens e mulheres “abandonados à própria sorte”. No contexto da ressocialização do preso, ele lembrou do trabalho das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apacs) e se disse feliz por ver no lançamento do livro vários ex- recuperandos que, no passado, chegaram às Apacs sem nenhuma esperança.

De acordo com o deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a reunião, o livro vai se tornar uma referência nacional sobre a metodologia de trabalho da Pastoral Carcerária. Segundo o parlamentar, a obra aborda temas como exclusão social e desigualdade de classes e aponta a perda da humanidade dos detentos, o que brutaliza o sistema carcerário. “A área de direitos humanos trabalha com os desencontros da vida, procurando ajudar no resgate dos direitos e na defesa da vida”, disse.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, William Santos, também falou sobre o exemplo que Minas Gerais dá ao País com o sistema Apac, que, segundo ele, apresenta uma alternativa ao sistema carcerário, na medida em que colabora para a ressocialização dos presos.