Comissão de Direitos Humanos foi a Ouro Preto para ouvir demandas do sistema prisional da região
O ex-recuperando Alexandre Andrade disse ter recuperado sua dignidade na Apac

Ouro Preto reivindica instalação de Apac na cidade

Comissão de Direitos Humanos esteve no município na noite desta segunda (25) para ouvir a comunidade.

25/08/2014 - 19:40

A mobilização da sociedade para que seja instalada, em Ouro Preto (Região Central do Estado), uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) motivou a realização, nesta segunda-feira (25/8/14), de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no município.

Na opinião do diretor-executivo da Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), Valdeci Antônio Ferreira, a reunião em Ouro Preto mostra que a sociedade local tem consciência sobre o problema dos presos e quer resolvê-lo, buscando uma via alternativa que não o presídio. “A Apac não é a única solução, não é um método pronto e acabado, mas é uma alternativa viável para o problema”, ponderou.

Autor do requerimento para o debate e presidente da comissão, o deputado Durval Ângelo (PT) destacou que a audiência em Ouro Preto foi solicitada pela comunidade para auxiliar na mobilização em torno da construção de uma Apac na cidade. “Temos hoje 36 Apacs que funcionam sem polícia em Minas Gerais”, afirmou o parlamentar, ao destacar que o método é exitoso e tem altos índices de recuperação. Nessas 36 Apacs estão 2.500 recuperandos.

Segundo o deputado Durval Ângelo, a Apac recupera o sujeito, a vítima, sua família e o elo com a sociedade. Em sua opinião, a cidade que implanta uma Apac tem redução significativa da violência, recuperando o preso e evitando o ciclo vicioso de reincidência.

O vereador Edison Vander Ribeiro, conhecido como Dentinho, disse que vai lutar para trazer uma Apac para a cidade e que a união de todos os setores da sociedade é importante para diminuir os índices de pessoas vinculadas ao crime.

'Ninguém é irrecuperável'

Presente na reunião, o ex-recuperando da Apac de Itaúna e atual funcionário da Fbac, Alexandre Andrade, de 22 anos, disse que quase perdeu tudo na vida quando começou a se envolver com as drogas, há dez anos. Aos 18 anos, cometeu um assalto a mão armada e cumpriu quatro anos de pena, sendo um no sistema comum e os outros três na Apac.

Segundo ele, no presídio era tratado de maneira humilhante e ficava revoltado. “Na Apac, recuperei minha dignidade, meu nome e cresci fisicamente e espiritualmente. Hoje estou aqui dando esse testemunho”, afirmou Alexandre Andrade. “Ninguém é irrecuperável”, completou. 

Visitas - A reunião de Ouro Preto faz parte de uma série de visitas e audiências que já foram realizadas nas cidades de São João del-Rei (Região Central do Estado), Alfenas (Sul de Minas) e Itabirito (Região Central). Ainda será realizada uma atividade na cidade de Lagoa da Prata (Centro-Oeste de Minas).

Consulte o resultado da reunião.