Zona da Mata busca retomada do crescimento econômico
Plano de Desenvolvimento Econômico Territorial a ser elaborado pela UFV foi debatido em audiência pública em Ponte Nova.
10/07/2014 - 16:21Retomar o crescimento econômico e social das microrregiões do Vale do Piranga e do Norte da Zona da Mata. Esse é o objetivo do Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico Territorial, que foi debatido durante audiência pública em Ponte Nova (Zona da Mata) nesta quinta-feira (10/7/14). A reunião foi promovida pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a pedido do deputado Paulo Lamac (PT).
A coordenadora técnica do plano, Suely Ramos Silveira, fez uma apresentação do trabalho. Ela contou que já foram investidos cerca de R$ 400 mil para a realização do projeto, com o apoio do Governo Federal e das prefeituras envolvidas. O plano, que contempla 33 municípios da Zona da Mata, é uma iniciativa do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em convênio com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
Três etapas - Suely Silveira explicou que o trabalho foi dividido em três etapas. A primeira, já concluída, consistiu na elaboração de um relatório das demandas apresentadas pelos prefeitos. A segunda fase do plano, atualmente em andamento, prepara um estudo das realidades urbanas e rurais dos municípios, para que sejam feitos um diagnóstico e um estudo de análise da viabilidade de implantação de indústrias e agroindústrias.
“Estamos levantando, reunindo e interpretando informações oficiais sobre a região, encontradas em órgãos como o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)”, explicou Suely Silveira. Segundo ela, a outra parte da segunda fase será buscar dados diretamente nos municípios. “Na última semana de julho, queremos ir às áreas urbana e rural das 33 cidades, para confrontar os dados oficiais com a realidade”, pontuou. Até setembro, essas ações devem estar concluídas, segundo Suely.
A terceira e última fase do projeto será a construção de um plano de desenvolvimento local propriamente dito. O prazo para a entrega do trabalho é janeiro de 2015. “É um projeto que tem sua complexidade, não é simples. Para o seu sucesso, será preciso um comprometimento do cidadão, do politico, do empresário, de todos da sociedade”, resumiu.
Deputado destaca a importância da região
O deputado Paulo Lamac salientou a relevância do projeto que está sendo desenvolvido e parabenizou toda a equipe envolvida. “O plano vai indicar a grande potencialidade de desenvolvimento da região. Temos uma condição ímpar”, afirmou. Para ele, é importante estudar os municípios envolvidos para que ações governamentais possam ser sinérgicas. “É preciso buscar uma estratégia coletiva de desenvolvimento”, destacou.
Segundo o professor da UFV Bruno Tavares, o objetivo final do plano é “construir uma região melhor”, em termos econômico e social. O prefeito de Ponte Nova, Guto Malta, um dos líderes dos municípios envolvidos e coordenador institucional do projeto, disse que, após a fase de diagnóstico da realidade dos municípios, será preciso “executar o projeto e cobrar ações”.
O secretário executivo da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Rio Piranga (Amapi), José Adalberto de Rezende, elogiou o trabalho e disse que é preciso “comunicação entre os 33 municípios e integração de ações”. Segundo ele, a região tem múltiplas potencialidades econômicas. “Os vales do Jequitinhonha e do Mucuri se desenvolveram muito nos últimos dez anos. Ao mesmo tempo em que eles crescem, nós ficamos estagnados. O plano será importante para combater, também, as desigualdades sociais”, destacou.
De acordo com Suely Silveira, os 33 municípios contemplados sofrem com o êxodo urbano acarretado pelo baixo crescimento econômico. Ela disse que, de 1970 até 2010, a população passou de 380 mil para 440 mil. “Não é um crescimento expressivo”, ponderou. Segundo Suely, do conjunto dos 33 municípios, a maior participação na economia vem da área de serviços (62%), seguida pela agropecuária (24%) e pela indústria (14%). Sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, ela afirmou que, nos últimos anos, passou a ser menor que a média do Estado.
Representantes de municípios discutem realidade econômica local
Em conjunto com a audiência pública, foi realizada uma oficina, como parte da segunda etapa da construção do plano. Representantes de municípios contemplados no projeto e multiplicadores de ações políticas e sociais em suas respectivas cidades se reuniram em grupos para discutirem produção econômica, emprego e renda de cada localidade envolvida. “Um plano desse tipo tem que ser participativo. Temos que ouvir os municípios, representantes e cidadãos. Só assim poderemos convergir para onde queremos chegar”, ressaltou a coordenadora técnica do plano. Segundo ela, não se pretende apresentar uma solução pronta e acabada.
Na oficina, o tema alvo da discussão foi “Meu município e minha região no ano 2025”. Os participantes debateram as seguintes questões: O que se almeja em 2025 para a região? Quem pode contribuir para o desenvolvimento local? Como contribuir? O que propor? Quais propostas podem ser executadas? Quais os pontos fortes e fracos de cada município?
O desenvolvimento do potencial agropecuário da região, o fortalecimento do turismo, a necessidade de manutenção das pessoas no campo, a elaboração de um fundo para o desenvolvimento regional e a garantia de melhorias no setor de energia foram alguns dos pontos levantados durante o debate em grupos.
O poder público e a iniciativa privada foram apontados como principais atores na articulação para conseguir cumprir essas demandas até 2025. Na opinião de Suely Silveira, a reunião e a oficina foram importantes, uma vez que “a participação de todos é fundamental para pensar a região no longo prazo e também para buscar soluções em conjunto”.