Participaram do evento deputados, autoridades estaduais e municipais, parentes de doadores e representantes do MG Transplantes, da Fhemig e do governo
O monumento, feito em bronze, é assinado pelo artista Leo Santana

ALMG homenageia doadores mineiros de órgãos com monumento

Escultura do artista Leo Santana foi inaugurada em ato que reuniu autoridades e familiares nesta segunda-feira (30).

30/06/2014 - 11:38 - Atualizado em 30/06/2014 - 15:47

Em solenidade realizada no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Dinis Pinheiro (PP), inaugurou um monumento em homenagem aos mineiros doadores de órgãos e tecidos. O evento, realizado nesta segunda-feira (30/6/14), contou com a presença de deputados, autoridades estaduais e municipais, parentes de doadores e representantes do Complexo MG Transplantes, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e da Secretaria de Estado de Saúde. A cantora Fernanda Takai fez, ainda, uma apresentação musical em celebração ao monumento, feito em bronze e assinado pelo artista Leo Santana.

O presidente Dinis Pinheiro destacou que nenhum momento o emocionou mais que este em seus 20 anos no Parlamento mineiro. Segundo ele, é preciso refletir para que cada pessoa faça o melhor em benefício do próximo. “Doar é um ato de fé e amor. Não há nada mais nobre do que contribuir para salvar vidas”, disse.

A mãe do doador Thiago Santos, Aparecida Santos, fez um discurso emocionado, em que agradeceu a homenagem e defendeu a importância da disseminação da ideia da doação de órgãos e tecidos. De acordo com ela, que perdeu o filho de 26 anos há cerca de três anos, apesar da dor é preciso ver a doação como uma forma de manter viva a existência dos entes queridos.

Ela autorizou a doação do coração, do fígado, dos rins e de uma córnea de seu filho. “Há 25 anos meu irmão recebeu um coração que salvou a sua vida. Desde então, entendo a importância desse ato, que deve ser multiplicado para toda a população”, pediu.

A conscientização das pessoas também foi defendida pelo diretor do Complexo MG Transplantes, Charles Simão Filho. Para ele, as pessoas superam a dor da perda com um ato de amor e solidariedade. Ele lembrou que os doadores são sempre vítimas de mortes precoces e inesperadas, por isso, a homenagem é um reconhecimento aos familiares que autorizam a doação, mesmo em um momento de muita tristeza.

Charles Simão destacou, ainda, que a sociedade tem se mostrado mais madura quanto à doação de órgãos e tecidos e que Minas Gerais é referência no País. “Já acumulamos mais de 30 mil transplantes no Estado. Acredito que esta homenagem não poderia ter sido em feita em local mais propício, que é a casa do povo”, ressaltou.

Unidade pública – O subsecretário de Estado de Saúde, Wagner Eduardo Ferreira, destacou o espírito de solidariedade que leva à doação de órgãos e lembrou que Minas Gerais terá a primeira unidade pública de transplantes, a ser inaugurada no edifício anexo ao Hospital Júlia Kubitschek, em Belo Horizonte. Sobre isso, o diretor da Fhemig, Antônio Carlos Barros Martins, disse que o local é fruto de investimentos do Governo do Estado em saúde. Ele também fez um  agradecimento público a todos os parentes de doadores.

Ao final, a cantora Fernanda Takai fez uma apresentação musical e disse que, desde nova, é doadora de órgãos. “Quando me tornei artista, sempre me preocupei em disseminar a ideia. Não tenho casos de transplantados na família, mas entendo que este é um gesto de amor e de celebração à vida”, concluiu.

Minas Gerais ocupa a 2ª colocação nacional em realização de transplantes

Minas Gerais atualmente ocupa a segunda colocação do Brasil em quantidade de transplantes realizados. São 12,7 doadores para cada um milhão de pessoas - número 3,5 vezes maior do que o registrado em 2006, quando existiam 3,6 doadores por milhão de habitantes.

Segundo o MG Transplantes, em 6 de junho de 2014, 2.376 pessoas estavam aguardando um órgão. Dessas, 2.056 aguardavam um rim, 233 uma córnea, 31 coração, 25 pâncreas e 10 esperavam por um pulmão. Apesar do grande número de pessoas que aguardam o rim, de acordo com a instituição, a córnea é o órgão mais transplantado. Em último lugar se encontra o pulmão, com apenas dois transplantes em 2013.

Monumento terá mais de 20 mil assinaturas

O monumento é formado por duas esculturas de pessoas comuns, em tamanho natural, observando os nomes dos doadores de órgãos, que serão inscritos em 48 placas de aço. Inicialmente ele conta com 500 assinaturas, mas esse número pode chegar a 24 mil - as demais serão acrescentadas assim que as famílias autorizarem. Para o artista Leo Santana, este é um dos seus trabalhos mais importantes. "Foi a coisa que mais me emocionou em mais de 20 anos de carreira", afirmou, em entrevista à imprensa.

Leo Santana também é o criador da escultura em homenagem a Tiradentes, inaugurada em abril deste ano na Assembleia. Além desta, destacam-se entre seus trabalhos as esculturas do “Monumento 20 anos Diretas Já”, em homenagem a Tancredo Neves, Ulisses Guimarães e Teotônio Vilela, inauguradas em 2004, na Praça da Assembleia, e a escultura “Drummond no Calçadão”, inaugurada em 2002, no Rio de Janeiro.