Dinis Pinheiro espera que o grupo de trabalho consiga fazer um planejamento estratégico de ação para mudar a realidade do setor industrial
Teodomiro Camargos apresentou dados sobre o setor industrial

Crise na indústria motiva criação de frente parlamentar

Objetivo da Frente Parlamentar da Indústria Mineira é encontrar soluções para os desafios ao crescimento industrial.

31/10/2013 - 12:36

A Frente Parlamentar da Indústria Mineira, formada por 40 parlamentares e presidida pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), foi lançada na manhã desta quinta-feira (31/10/13) no Salão Nobre da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A frente parlamentar, que tem o objetivo de buscar soluções para melhorar o desempenho industrial do Estado, conta com a participação de instituições como a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os representantes da instituição reforçaram em seus discursos que Minas Gerais, e o Brasil como um todo, tem vivido um processo que chamaram de “desindustrialização” e que esse quadro precisa ser revertido.

Para reforçar a tese da desindustrialização, o vice-presidente da Fiemg, Teodomiro Diniz Camargos, apresentou dados sobre o setor. Segundo ele, o setor industrial representava 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 1985 e, em 2010, já havia caído para 16,2%. Em Minas Gerais, ele ressaltou que a indústria de transformação representava 28,4% do PIB do Estado também em 1985, e em 2008 não passava de 16,3%.

Teodomiro Diniz afirmou que a mesma queda se observou quando o índice avaliado é a geração de emprego: em 1990, 15,5% dos empregos no Brasil eram no setor da indústria de transformação e em 2009, apenas 12,7%. Para o vice-presidente da Fiemg, outro problema é valorização salarial, que não é acompanhada por aumento de produtividade. A folha de pagamento do setor industrial mineiro aumentou, de acordo com ele, 6% em 2012, enquanto a produtividade caiu 1,3%.

Para ele, esse cenário é consequência de problemas em três áreas: a empresarial, que inclui gestão e estratégias; a estrutural, que abarca cadeias e arranjos produtivos; e a sistêmica, representada por variáveis macroeconômicas e regulatórias. É nesse último ponto que, segundo Teodomiro Diniz, a frente parlamentar pode atuar e, assim, ajudar a reverter o quadro de baixo desempenho da indústria mineira. “A atuação deve ser no sentido de resolver questões como a da carga tributária elevada, dos encargos trabalhistas excessivos, do câmbio instável, da infraestrutura ineficiente, da energia cara, da burocracia excessiva e da insegurança jurídica”, disse.

Apontar as causas e as soluções possíveis para esses problemas foi a tônica das palavras dos representantes da Abimaq, tanto do presidente executivo, José Veloso, quanto do diretor de produtividade, Mário Bernardini. Para eles, a política monetária – instabilidade da moeda e juros altos - é uma das grandes causas da substituição dos produtos nacionais pelos importados.

A falta de investimentos no setor também é apontada como sério problema. “Um trabalhador brasileiro produz ¼ do que produz um alemão ou um americano. E isso é porque nos países desenvolvidos as indústrias chegam a ter quatro vezes mais recursos produtivos, como máquinas e tecnologia”, disse Bernardini . Para ter recursos para aumentar esses investimentos, é necessário, segundo ele, reduzir os gastos públicos em relação ao PIB. “Uma Lei de Responsabilidade Fiscal completa deveria limitar o aumento dos gastos públicos a um valor inferior ao crescimento do PIB”, afirmou.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva afirmou que a Frente Parlamentar da Indústria Mineira quer acolher os empresários para que cheguem ao Parlamento mineiro suas experiências e demandas. Ele lembrou, ainda, que a ALMG já tem atuado há alguns anos na tentativa de melhorar a competitividade da indústria mineira e citou leis que reduziram a carga tributária de alguns setores. “Esse parlamento sempre foi parceiro da indústria e queremos que a frente parlamentar caminhe de mãos dadas com os empresários mineiros”, disse.

O presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PP), disse que a desigualdade social brasileira tem uma das suas raízes na falta de compromisso com quem gera emprego e renda no País. “Estamos diante de um Brasil da ineficiência burocrática, dos gargalos ambientais, da falta de infraestrutura. Está na hora de acordar”, disse. O parlamentar disse que espera que o grupo de trabalho consiga fazer um planejamento estratégico de ação para mudar a realidade do País.