Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização debateu a outorga de permissão de serviço público de transporte de táxi em municípios da RMBH

Taxistas pedem reabertura de licitações na RMBH

Suspensão de processos licitatórios de permissões de táxi tem preocupado os profissionais da área.

08/10/2013 - 19:36

A retomada de licitações para outorgas de táxis na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e a reabertura do diálogo com o Ministério Público do Estado foram as principais reivindicações apresentadas na tarde desta terça-feira (8/10/13), por entidades da categoria, em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi requerida pelo presidente da comissão, deputado Paulo Lamac (PT).

O parlamentar abriu a audiência informando a respeito dos desdobramentos da última audiência pública sobre o tema realizada na Casa, em 5 de agosto deste ano. Ele anunciou que já há recomendação do Ministério Público para sanar os problemas da licitação em curso em Belo Horizonte. O parlamentar leu ainda ofício da promotora de Justiça de Contagem, Ana Letícia Martins de Souza, que justificou sua ausência. O deputado disse que vai apresentar requerimento para promover visita técnica à promotoria do município.

O presidente da Associação dos Condutores Auxiliares de Táxi (Acat), José Estevão de Jesus de Paulo, afirmou que a entidade solicitou a realização das audiências porque considera grave a suspensão dos diversos editais de licitação para outorga de táxis na região metropolitana. “Sabemos que o processo é novo e que ainda não existe um modelo considerado plenamente adequado, mas exigimos que o poder público dê continuidade às licitações”, ressaltou.

Hoje, existem sete cidades metropolitanas licitando permissões para ampliar a frota de táxis, conforme afirmou o presidente da Associação dos Taxistas do Brasil em Belo Horizonte (Abratáxi), Eduardo Caldeira. Ele ponderou que a intervenção do Ministério Público era necessária no caso do processo licitatório de Sabará, que estabelecia “exigências ilegais”, na sua avaliação. “Os editais são bem-vindos. Se as determinações da BHTrans, por exemplo, forem cumpridas, teremos 3 mil profissionais beneficiados. Temos é que cobrar agilidade. Não podemos esperar que a licitação fique paralisada por dez anos na Justiça”, afirmou.

Gestores buscam diálogo com o Ministério Público

Gestores dos municípios da RMBH se comprometeram a buscar uma solução para o impasse. O assessor jurídico da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte de Contagem (Transcon), Luiz André Vasconcelos, também lembrou que as licitações de outorga de táxis são procedimentos relativamente recentes e que o cenário mudou muito depois da Constituição Federal de 1988. “O táxi era uma moeda eleitoreira, era obtido em relações de troca de favores e apadrinhamentos”. Ele disse que, por isso, quando se tenta iniciar uma licitação, o cidadão e os órgãos fiscalizadores “já ficam com um pé atrás”.

Luiz explicou que a licitação previa mais de 200 licenças com prazo de 30 anos. De acordo com Vasconcelos, esse foi o primeiro dispositivo questionado pelo MP, que considerou o período extenso para uma permissão, que é uma forma precária do poder público delegar a prestação de serviços. O gestor disse que já apresentou proposta para abaixar o prazo para 25 anos. Outro ponto polêmico são as sanções para os motoristas infratores, que, segundo ele, foram consideradas inconsistentes pelo órgão. “Queremos chegar a um acordo, reabrir o diálogo. Sabemos que a suspensão do edital impede o aumento da frota de táxis e prejudica também a população”, destacou.

Já o vice-prefeito de Sabará, Ricardo Antunes Gomes de Oliveira, afirmou que vai reavaliar o processo licitatório apresentado pela gestão anterior para mais 29 permissões de táxis. “Se verificarmos que é possível aproveitá-lo, daremos os encaminhamentos necessários ao certame”, informou. Ele afirmou ainda que Sabará fez um convênio com o município de Belo Horizonte para permitir que os veículos sabarenses possam circular na Capital, o que acabou gerando a evasão dos profissionais.

O secretário de Segurança, Trânsito e Transporte de Ribeirão das Neves, Luiz Carlos Godinho, explicou que as permissões da cidade são do final da década de 1990 e que elas são gerenciadas pela BHTrans. Ele se comprometeu a retomar o processo licitatório de 2010, que também se encontra suspenso.

Debates - Participantes da audiência fizeram questionamentos a respeito dos editais de licitação. Para os profissionais, os órgãos de gerenciamento do trânsito, como a BHTrans, não são transparentes e precisam prestar esclarecimentos sobre os problemas apontados pelo Ministério Público acerca dos certames. Eles apontaram ainda outros problemas, como a falta de integração entre os serviços de táxi das cidades metropolitanas.

Consulte o resultado da reunião.