Carros não respeitam sinalização da ciclovia. Diversas reivindicações referentes a melhorias nas vias foram apresentadas por ciclistas durante visita
Foi reivindicada a instalação de ciclofaixa de mão única em trecho onde a ciclovia fica no passeio
Parlamentares ouviram reclamações de ciclistas

Intervenção em ciclovia deve considerar esporte e mobilidade

Participantes de visita da ALMG à Lagoa da Pampulha avaliam que equilíbrio entre os dois fatores é essencial.

30/09/2013 - 19:00

Contemplar, ao mesmo tempo, a prática do ciclismo e a mobilidade urbana na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Esse foi um dos principais pontos discutidos durante visita da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta segunda-feira (30/9/13), às ciclovias existentes no local. Estiveram presentes grupos de ciclistas que defendem a utilização do espaço para lazer e atividade física, esporte de alto rendimento e deslocamento.

Os presentes levantaram a necessidade de atenção para aspectos como a revisão de pontos críticos das ciclovias, como nas curvas, e uma possível instalação de faixa sonorizadora entre a Barragem da Pampulha e o Mineirinho, para evitar que os automóveis entrem na ciclovia. Outra questão apontada foi a possibilidade de implantar mão única para carros entre o Pampulha Iate Clube (PIC) e a barragem em determinados horários para favorecer a prática do esporte de alto rendimento.

Além disso, também foi reivindicada a instalação de ciclofaixa de mão única em trecho de cerca de 11 km, onde a ciclovia fica no passeio. Essa iniciativa também pretende possibilitar a prática do esporte de velocidade. Outro aspecto abordado foi a necessidade de adequar a ciclovia na barragem, remanejando a mureta. Todas essas demandas serão levadas para reunião do grupo de trabalho Pedala BH, que integra BHTrans e ciclistas, a ser realizada nesta quarta-feira (2/10).

Para o integrante da União Ciclística Desportiva de Minas Gerais, Everton Ferretti, em todas as decisões devem ser considerados pedestres, ciclistas, usuários de ônibus, enfim, todos os que estão envolvidos na mobilidade urbana. Ele explicou que, na Lagoa da Pampulha, além dos cerca de 11 km onde a ciclovia fica no passeio, há outros sete onde a ciclovia ocupa parte da pista de carros, trecho em que ela é de mão dupla.

Ele salientou que nesse lado da orla há sempre o risco de acidentes entre ciclistas e pedestres e, por isso, sugeriu que a ciclovia para a prática do esporte de rendimento fosse instalada do outro lado da Avenida Otacílio Negrão de Lima. “Dessa forma, seriam evitados esses acidentes e a ciclovia já existente serviria para a mobilidade”, disse. Outras questões apontadas dizem respeito à necessidade de integrar a ciclovia ao Transporte Rápido por Ônibus (BRT) e também que as bicicletas possam ser transportadas nos ônibus.

Mão única - Já o coordenador do Giro 30, Rogério Marques Pacheco, defendeu que a ciclovia fosse de mão única. “A maior parte das pessoas anda na lagoa no sentido horário. Então, não é preciso que seja de mão dupla”, afirmou. Ele também fez coro a Ferretti sobre a relevância de ter uma ciclovia do outro lado da avenida.

Diálogo entre grupos de ciclistas e BHTrans é defendido

O voluntário da Associação de Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo), Guilherme Tampieri, disse que a entidade defende para a Lagoa da Pampulha uma ciclovia de mão dupla e segregada, mas que é preciso escutar as reivindicações de quem pratica o esporte de velocidade e achar o melhor caminho. “Esses ciclistas não se sentem seguros em estar nesse espaço. Pode ser perigoso o fato de uma pessoa que anda de bicicleta a 20 km/hora e outra que anda a 60 km/hora compartilharem o mesmo local”, reforçou.

Segundo a assessora da presidência da BHTrans, Eveline Trevisan, as reivindicações são legítimas, mas é preciso garantir a mobilidade urbana e o lazer. “Sabemos que uma via de mão dupla é incompatível com o treino, mas implantar mão única prejudica a mobilidade”, justificou. Outra questão abordada por ela foi que a opção pela ciclovia ficar na margem da lagoa se deu porque é um local onde não há interferências como cruzamentos e garagens. Eveline defendeu que os ajustes sejam feitos de acordo com o que ficar decidido pelos interessados, conforme a viabilidade.

Deputados refletem sobre prática do esporte e mobilidade

Para o deputado Gilberto Abramo (PRB), um dos autores do requerimento para que a visita fosse realizada, juntamente com os parlamentares Ivair Nogueira (PMDB) e Anselmo José Domingos (PTC), o assunto tem que ser tratado sob a ótica da mobilidade urbana. “Nesse sentido, o uso das bicicletas é fundamental”, ressaltou.

De acordo com ele, é necessário considerar que, historicamente, há a prática do esporte na orla por ciclistas amadores e profissionais. Além disso, o deputado relatou que é preciso atrelar essa consideração à questão da mobilidade.

O deputado Adalclever Lopes (PMDB) enfatizou a importância de campanhas educativas e de fiscalização no local. Para ele, é importante envolver a Polícia Militar nas discussões.

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