Os aparelhos da marca Cepa GC estão sendo distribuídos pela rede pública de saúde em Minas Gerais desde outubro do ano passado

Comissão recebe denúncia de associação de diabéticos

Aparelhos distribuídos pelo Estado para medir nível de glicose teriam apresentado falhas graves de funcionamento.

03/07/2013 - 11:52 - Atualizado em 03/07/2013 - 17:59

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu nesta quarta-feira (3/7/13) denúncia da Associação de Diabéticos de Campo Belo (Centro-Oeste de Minas) sobre a má qualidade dos equipamentos para controle de insulina oferecidos pelo Estado. Segundo o presidente da entidade, Rodrigo Dias, o glicosímetro, aparelho que mede o nível de glicose no sangue, apresenta falhas perigosas que podem oferecer riscos à vida dos pacientes. “Os erros de medição chegam a ser superiores a 150 pontos e podem levar as pessoas a aplicarem insulina indevidamente. Isso pode levar até ao coma”, afirmou.

Os aparelhos da marca Cepa GC estão sendo distribuídos pela rede pública de saúde em Minas Gerais desde outubro do ano passado, depois de uma licitação feita pelo Estado. Eles substituíram o modelo anterior, Accu-Chek Performa, considerado de alta qualidade. “Não nos convence a hipótese de a escolha ter sido feita para economizar. Não controlar a diabetes leva comumente a amputações, perdas de visão e problemas renais, e tudo isso se reflete em altos custos para o Estado”, disse o presidente da associação.

Outra reclamação apresentada pelo grupo diz respeito às agulhas distribuídas nos municípios. “É comum que sejam aproveitadas as agulhas que sobraram de campanhas de vacinação, que são de espessura muito maior do que as que necessitamos para a aplicação da insulina, e isso causa um sofrimento desnecessário”, afirmou Rodrigo Dias. Segundo ele, muitas vezes crianças e idosos não conseguem fazer o número de aplicações necessárias por não suportarem a dor. A distribuição dessas agulhas é de competência dos municípios, mas a associação pede uma normatização estadual para garantir a compra de equipamentos adequados.

Aparelho tinha certificados da Anvisa

O deputado Arlen Santiago (PTB) explicou que as licitações para a compra dos glicosímetros são feitas anualmente e que este ano os aparelhos considerados de má qualidade serão substituídos, já que a empresa não venceu novamente a licitação. “É preciso lembrar que a empresa tinha todos os certificados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é o órgão responsável por avaliar esses equipamentos. Se não fosse assim, não teriam nem participado da licitação. Sugiro, então, uma visita à Anvisa para saber o que aconteceu”, disse.

O parlamentar sugeriu também que os diabéticos que tiveram problemas com o aparelho enviem seus relatos à ALMG. “A Secretaria de Estado de Saúde recebeu apenas 22 reclamações formais sobre o glicosímetro. Isso é muito pouco diante de um universo de 160 mil aparelhos. Precisamos mostrar o tamanho do problema”, explicou. A Associação dos Diabéticos de Campo Belo entregou à comissão um dossiê apresentando vários casos em que o aparelho apresentou medições equivocadas.

Os deputados Carlos Mosconi (PSDB), Duarte Bechir (PSD) e Pompilio Canavez (PT) disseram que são sensíveis à causa e que buscarão esclarecimentos e soluções junto à Secretaria de Saúde e à Anvisa.

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