O alerta foi feito em reunião da Comissão Extraordinária das Águas realizada nesta terça (28) em Paracatu
O deputado Almir Paraca (à dir.) destacou que a comissão quer diagnosticar a situação dos recursos hídricos em MG

Transposição do São Francisco ameaça rios do Noroeste de MG

Comitê de bacia hidrográfica alerta que vazão dos Rios Paracatu, Urucuia e das Velhas pode ser prejudicada.

28/05/2013 - 18:38

A transposição do Rio São Francisco representa uma ameaça aos Rios Paracatu, Urucuia e das Velhas. O alerta foi feito pelo vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, Antônio Eustáquio Vieira, em reunião da Comissão Extraordinária das Águas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta terça-feira (28/5/13) em Paracatu (Noroeste de Minas).

Segundo Vieira, a construção de barragens para regularizar a água necessária para a transposição do São Francisco pode prejudicar a vazão nos rios que compõem as bacias do Paracatu, do Urucuia e do Velhas. Para ele, a região corre o risco de, repentinamente, não ter água para abastecer os canais da transposição. Ele lembrou ainda que mais de 40% da água do São Francisco são provenientes das bacias do Paracatu e do Urucuia.

O vice-presidente informou ainda que, na próxima sexta (31) e no sábado (1º/6), membros do comitê vão navegar o Rio Paracatu, saindo do Rio Escuro e passando por Brasilândia e São Romão, a fim de verificar as condições da bacia para, posteriormente, desenvolver ações pela qualidade da água.

O prefeito de Paracatu, Olavo Remígio Condé, que também é presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paracatu, ressaltou a necessidade de, ao debater as águas, considerar também a questão da produção agrícola. Ele lembrou que a produção de grãos está nas mãos de multinacionais, que utilizam metais pesados, contaminando a terra e a água.

Já o presidente do Comitê da Bacia do Urucuia, José Américo Carniel, informou que a entidade firmou convênio com o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado (Fhidro), no valor de R$ 500 mil. O vice-presidente do comitê, Júlio Cesar Ayala, destacou a insuficiência dessa verba para as demandas da bacia.

Entre os principais problemas listados por Ayala, estão o desmatamento; pressões de uso agrícola sobre nascentes; a pecuária; necessidade de readequação de estradas rurais; o solapamento de margens de córregos e rios; drenagem inadequada; áreas de ocupação desordenada; ausência de um sistema de informações geográficas aplicadas aos recursos hídricos; falta de tratamento de esgoto e de resíduos sólidos. Ele ressaltou que um planejamento elencando tais entraves, no qual consta inclusive o valor da verba necessária, já foi levado ao Governo do Estado.

Comunidade reclama da qualidade da água

Durante os debates, muitos representantes de comunidades da região fizeram queixas sobre a situação das águas de rios e córregos das bacias. A reclamação mais constante foi ligada à atividade mineradora e à falta de providências do poder público no que tange a tais problemas, que já teriam sido denunciados reiteradas vezes. A morte de pequenos cursos d'água e a penalização de comunidades ribeirinhas também foram ressaltadas.

O presidente da Comissão Extraordinária das Águas, deputado Almir Paraca (PT), ressaltou que os comitês de bacia são o principal instrumento para garantir a qualidade das águas e a gestão dos recursos hídricos. De acordo com ele, é essencial conhecer como está a condição dos comitês em todo o Estado, como eles funcionam, quais os recursos materiais e financeiros de que dispõem.

Paraca também destacou a importância do trabalho da comissão, que pretende fazer um diagnóstico da situação dos recursos hídricos em Minas Gerais. A reunião de Paracatu foi a primeira de uma série de encontros que a comisssão pretende realizar no interior do Estado, para regionalizar a discussão sobre o assunto.