Entre os dias 13 e 15 de setembro de 2012, cerca de 350 competidores participaram da primeira edição dos Jogos Indígenas de Minas Gerais, realizados na aldeia Brejo Mata Fome, da tribo xacriabá, em São João das Missões (Norte de Minas). O evento reuniu representantes de diversos povos indígenas, com o objetivo de promover o esporte como forma de resgate de seus valores e fortalecimento da cidadania, e foi financiado com recursos do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG).

Participaram dos jogos representantes das tribos pataxó, pataxó hã-hã-hãe, pancararu, mucurim, xacriabá e maxacali. Eles competiram em modalidades como futebol, arco e flecha, arremesso de lança, cabo de guerra, corrida do maracá e derruba-toco. Nesta última prova, dois competidores lutam sem violência dentro de um círculo com três metros de diâmetro, e ganha quem conseguir forçar o adversário a derrubar um toco, que fica no centro do círculo. A corrida do maracá é uma prova de revezamento, em que o bastão é substituído pelo tradicional chocalho utilizado em festas e cerimônias indígenas.

A competição também foi um importante momento para troca de experiências, na avaliação do cacique pataxó Mezaque da Silva de Jesus, coordenador do Conselho Estadual dos Povos Indígenas. “O esporte é uma forma tradicional de diversão para nós, e os jogos garantem a integração e a troca de experiências entre as diversas etnias. Eles ajudam na superação de problemas entre as tribos e também na promoção da saúde indígena”, explica. Ainda segundo o cacique, os índios também aproveitam o momento de confraternização para discutir questões importantes, como saúde e educação.

Participação da comunidade no PPAG garantiu os jogos

Essa troca de experiências não seria possível sem a participação dos indígenas nas audiências públicas de revisão do PPAG em 2011, promovidas pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Durante as discussões, eles apresentaram uma sugestão que acabou incorporada ao planejamento orçamentário do Estado: a destinação de recursos públicos para a realização dos jogos indígenas. A proposta recebeu aval da Comissão de Participação Popular, que formalizou uma emenda ao PPAG, viabilizando R$ 100 mil para a prática esportiva nas comunidades indígenas.

Veja infográfico com seis perguntas e respostas para entender o PPAG

Segundo o cacique Mezaque, a realização dos jogos era uma demanda antiga das lideranças indígenas, que só se tornou realidade com a aprovação da emenda ao PPAG. “Essa emenda foi de suma importância. Se não fosse o PPAG, não teríamos condições de realizar os jogos”, afirma. O cacique também destaca a importância das audiências públicas de revisão do Plano Plurianual. “Elas são o momento da sociedade ser ouvida, participar da gestão dos recursos públicos e trazer suas demandas para discussão”, completa.

Com outras lideranças indígenas, o cacique Mezaque já se prepara para participar das audiências de revisão do PPAG que serão realizadas pela ALMG este ano. Os encontros serão em Araxá (Alto Paranaíba), em 22/10/12; Araçuaí (Vale do Jequitinhonha), em 30/10/12; Poços de Caldas (Sul de Minas), em 31/10/12; Piumhí (Centro-Oeste), em 5/11/12; e Belo Horizonte, nos dias 5, 6, 7 e 13 de novembro. De acordo com Mezaque, os representantes indígenas querem apresentar emendas para beneficiar suas comunidades nas áreas de educação, saúde, moradia, cultura, esporte e agricultura. Em 2013, a segunda edição dos jogos indígenas estaduais deve ser realizada em Carmésia (Rio Doce), onde vivem os pataxó.

Veja como se inscrever nas audiências públicas

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