O presidente Dinis Pinheiro defendeu o fortalecimento das empresas nacionais
Ciclo de Debates teve expressiva participação de empresários, trabalhadores e suas representações
Parlamentares, empresários e trabalhadores se unem em prol da produção e do emprego

Debate sobre indústria chegará a Congresso, diz presidente

Em evento sobre desindustrialização com empresários e trabalhadores, Dinis defende fortalecimento das empresas nacionais

12/04/2012 - 19:25

Na abertura do Ciclo de Debates Em Defesa da Produção e do Emprego - Contra a Desindustrialização, o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerai, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), firmou sua convicção de que as discussões vão reverberar junto ao Congresso Nacional. Realizado nesta quinta-feira (12/4/12) em um Plenário lotado, o evento solicitado pelo deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), reuniu empresários e trabalhadores e suas representações, além de deputados e outras autoridades e lideranças.“Que as nossas reflexões sobre a política industrial brasileira cheguem à Camara dos Deputados e ao Senado”, disse Dinis, lembrando que as duas casas vão promover eventos sobre o tema.

Ele reconheceu que o crescimento do Brasil é “irreversível, tornando o País a sexta economia do mundo, caminhando para ser a quinta em breve”. Para 2012, afirmou, a projeção para o Produto Interno Bruto é de 3,5% a 4% de crescimento, o que deve se repetir em 2013. Já em 2014, a perspectiva é de que o PIB sem amplie em 4,5%.

Por outro lado, Dinis Pinheiro ressalvou que, apesar das perspectivas otimistas, há gargalos a serem sanados. Um deles se mostra no déficit na balança comercial em relação aos produtos manufaturados que, em 2011, ficou em US$ 92 bilhões. De modo diverso, em 2006, o saldo desse setor tinha sido positivo em US$ 5 bilhões. Aliado a esse dado, continua o presidente, a contribuição da industria brasileira para a formação do PIB, que na década de 80 chegava a 36%, atualmente está em 14,6%, voltando aos níveis década de 60. Outro dado preocupante é o de que o Brasil, mesmo tendo o 10º maior parque industrial do mundo, no quesito rendimento industrial competitivo fica em 44º lugar.

Na avaliação de Dinis, muitos fatores explicam esse resultado negativo, que já configura a desindustrialização do País: a guerra cambial, em que muitos países, especialmente a China, mantém sua moeda subvalorizada; em contrapartida, a supervalorização do real, que dificulta as exportações brasileiras; os juros, impostos e encargos elevados, configurando o alto custo brasil.

Mesmo detectando essas mazelas da economia brasileira, o presidente avalia que “há margem de manobra para reverter ou controlar esse processo”. Para isso, ele defendeu uma bandeira empunhada pelo setor empresarial: a de isonomia da industria mineira e brasileira para competir no mercado global.

Dinis citou o pacote de medidas lançado pelo Governo Federal, no dia 3 de abril. “Temos que avaliar os efeitos destas medidas que visam a estimular investimentos públicos e privados, aumentar a competitividade da indústria e reduzir os custos tributários e financeiros”, declarou. “É na defesa da produção e do emprego, que alcançaremos o mais rápido possível a justiça, a dignidade para que o Brasil fique cada dia melhor”, concluiu.

Redução de juros e de impostos e câmbio adequado são solução para indústria

O presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), Olavo Machado Junior, destacou que ao promover o evento, estava-se fazendo o óbvio: “lutar pelo emprego e pela indústria no Brasil, unindo trabalhadores e empresários”. Ele voltou a carga na defesa da isonomia de mercado. “Temos certeza que, com redução dos juros, desoneração de impostos e da folha de pagamento e um câmbio adequado, a indústria estará apta para concorrer”, ressaltou.

Em tom otimista, o dirigente afirmou que saía do debate com disposição renovada para a luta. “Com nossos trabalhadores, somos mais fortes; com nossos políticos, temos certeza que estamos bem representados. Se os governos Federal e Estadual derem velocidade às ações, a indústria nacional ficará em condições de liderar o mercado mundial em vários setores”, entusiasmou-se.

Sindicalista preocupa-se com perdas para a Previdência

O secretário regional da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI), José Reginaldo Inácio considerou “fundamental estar ao lado de pessoas que querem discutir o mundo do trabalho, o que inclui o debate sobre a desindustrialização”. Em contrapartida, mostrou-se preocupado com o pacote de medidas do Governo Federal, apesar de a presidente Dilma Roussef ter dito que nenhum trabalhador será prejudicado. Para ele, a desoneração da folha de pagamento tem impactos na conta da Previdência Social. “A cada 1% de desoneração da folha, há uma perda de R$ 4,9 bilhões na Previdência”, informou.

O sindicalista também criticou a perda de qualidade do emprego no País: “o crescimento do consumo não foi acompanhado pela geração de vagas na indústria. Além disso, tem sido gerados empregos precários”. Outro problema levantado foi o que considerou a facilidade para as empresas demitirem. “Estão usando de modo irregular o contrato temporário de trabalho, o que atinge diretamente o trabalhador com menos qualificação”, constatou.

José Inácio tratou ainda da crescente precarização do trabalho no Brasil. Para ele, persistem altos índices de informalidade no trabalho, sendo que o governo só tem atuado na formalização da informalidade, o que seria insuficiente. Outro problema, a seu ver, crônico no País, seriam os baixos salários, com 70% dos novos empregos oferecendo remuneração abaixo de 2 salários mínimos. “Há também certa instabilidade no emprego, gerada pela predominância de vagas de, no máximo, 4 anos. Outro fator que contribui para tornar precário o trabalho do brasileiro, segundo o dirigente, é a terceirização.

Por fim, o dirigente sindical apontou como dificuldade o baixo retorno social dos recursos públicos que são transferidos para as empresas. E também a alta incidência de problemas ambientais e sociais nas cadeias produtivas: “resolve-se o problema na empresa- mãe, mas não nas outras que são suas fornecedoras”, criticou.

Secretaria de Trabalho – “De maneira ímpar, a Assembleia coloca juntos trabalhadores, empresários, governos municipais e estadual para tratar da desindustrialização”, assegurou o secretário de Estado de Trabalho e Emprego, Carlos Pimenta. Ele também reforçou o momento importante de crescimento brasileiro, mas não esqueceu de apontar os entraves para a consolidação desse quadro. “Não adianta nada o País crescer e tornar-se o quinto do mundo, se não se tiver a coragem de colocar o dedo em várias feridas”. Na opinião do secretário, as principais mazelas seriam, para as empresas, a invasão de produtos de outros países, sem medidas protecionistas para os empresários nacionais; e para os trabalhadores, a baixa qualificação, que dificulta a obtenção de melhores ganhos.