A primeira viagem de mobilização do Cidadania Ribeirinha passou por quatro municípios do Norte de Minas
Diário de Viagem - Um Mergulho na Cidadania Ribeirinha às margens do Velho Chico

Encerrada fase de mobilização do Cidadania Ribeirinha

Itacarambi, Manga, Matias Cardoso e Pedras de Maria da Cruz foram os municípios visitados pelo projeto.

03/02/2012 - 10:52

Desafios e imprevistos marcaram a passagem da equipe do projeto Cidadania Ribeirinha por Pedras de Maria da Cruz, último município visitado nessa fase de mobilização para o projeto da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. As dificuldades para se chegar ao povoado de Manoel Vitório, contemplado pelo projeto, já eram conhecidas, mas se multiplicaram por causa da cheia no Rio São Francisco. E o acesso até a comunidade quilombola de Palmeirinha, que deveria ser tranquilo nos nove quilômetros de estrada de terra, teve que ser concluído a pé, depois que o veículo da equipe atolou na lama. O trabalho foi concluído nesta sexta-feira (3/2/12).

Apesar das dificuldades, a proposta de um conhecimento que pode fazer a diferença nessa realidade sertaneja, objetivo do curso de desenvolvimento sustentável, que será a primeira ação do Cidadania Ribeirinha, tem sido recebida com entusiasmo. O curso tem módulos de formação cidadã e política, história da ocupação da região e uma etapa voltada para o empreendedorismo e a profissionalização. Lideranças comunitárias, trabalhadores, educadores e autoridades municipais mais uma vez abriram as portas para a atuação do Legislativo nesse trecho mineiro do Vale do São Francisco.

Das 12 localidades contempladas pelo Cidadania Ribeirinha em quatro municípios (Itacarambi, Manga, Matias Cardoso e Pedras de Maria da Cruz), o povoado de Manoel Vitório foi o único que não chegou a ser visitado. Por causa das cheias no Velho Chico, a equipe usou, em vez da estrada, uma canoa movida a rabeta. Entretanto, a dificuldade de desembarque na comunidade fez com que os moradores mudassem o local da reunião para Rodeador, um povoado vizinho. A escola municipal do lugarejo tem apenas uma sala.

Ali, uma comunidade sofrida e cansada de muitas promessas sinalizou de maneira clara o desafio que representa a proposta do Cidadania Ribeirinha. Moradores relatam que já participaram de vários encontros para implantação de cisternas, banheiros, água potável, horta comunitária e outros programas, que nunca chegaram a ser implementados. Mas, passada a desconfiança inicial, manifestaram também o desejo de aproveitar a chance de criar uma nova realidade, inclusive para as mulheres, que precisam de uma atividade própria que não seja somente ajudar os maridos na lavoura.

Já em Palmeirinha, a comunidade busca reforçar a cultura e os valores quilombolas e, quem sabe, transformar essa história em um atrativo turístico. Por isso, mais vagas foram reivindicadas para o curso oferecido pelo Cidadania Ribeirinha. O lugar foi reconhecido oficialmente como remanescente de quilombo há menos de um ano, mas os moradores já estão organizados, com terras divididas e lavouras consolidadas. Sem carro, a equipe passou por várias propriedades, cruzando cercas e tronqueiras, até chegar à escola municipal, onde será realizado o curso. Em breve, o local terá telecentro, fruto do esforço da comunidade, que se organizou para construir o espaço adequado.

Essa primeira viagem de mobilização do Cidadania Ribeirinha foi iniciada no último dia 23 e se estendeu pelos quatro municípios do projeto, todos no Norte de Minas. Participaram do trabalho o historiador Márcio Santos, um dos gestores do projeto, o professor Luiz Fernandes, da Escola do Legislativo e a jornalista Maria Célia Pinto, da Gerência de Imprensa e Divulgação. Os três servidores da ALMG foram acompanhados por Rodrigo Faleiro, técnico do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha).