Governo do Estado vai construir centro socioeducativo em Janaúba

A construção, em Janaúba, de um centro socioeducativo para atender 40 adolescentes em conflito com a lei foi anunciad...

11/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Governo do Estado vai construir centro socioeducativo em Janaúba

A construção, em Janaúba, de um centro socioeducativo para atender 40 adolescentes em conflito com a lei foi anunciada durante o encontro regional do Fórum Técnico Segurança nas Escolas: Por uma cultura de paz. O evento, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi realizado nesta quinta-feira (11/8/11) na cidade do Norte de Minas.

A obra do centro de internação é considerada prioritária para as autoridades da região, como forma de aplicar as medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A notícia de que o governo havia voltado atrás e decidido atender a reivindicação da comunidade foi apresentada pelo deputado Luiz Henrique (PSDB), autor do pedido para realização do encontro regional de Janaúba.

O juiz Alessandro de Abreu Borges é um dos defensores do centro socioeducativo. Ele informou que a obra tem também um valor simbólico, porque é uma reivindicação que uniu toda a população da região. Ele criticou a previsão de gastos de R$ 30 bilhões com estádios para a Copa do Mundo de 2014 lamentou que não seja feito o mesmo investimento em políticas sociais.

O deputado João Leite (PSDB) defendeu uma revisão no modelo de penalização e ressocialização que existe hoje no Brasil, que, na opinião dele, está se esgotando. Ele informou que há hoje 53 mil pessoas presas em Minas Gerais. O custo de um preso para o Estado, segundo informou o parlamentar, é de R$ 2 mil. O adolescente infrator custa R$ 2,5 mil.

A promotora de Justiça Vanessa do Carmo Diniz citou o modelo das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) como uma alternativa autossustentável. Para ela, a prevenção é fundamental, mas a cidade também precisa ter condições para cumprir todas as medidas socioeducativas do ECA. "Quanto custa um latrocínio? Quanto custa uma vida?", questionou.

Prevenção - O fórum técnico tem o objetivo de levantar os problemas enfrentados pelos alunos e profissionais da educação decorrentes da violência dentro e fora do ambiente escolar, e também buscar subsídios para a formulação de políticas públicas visando à prevenção e ao combate à violência nas escolas.

Escola deve contribuir para cultura de paz

O deputado João Leite, presidente da Comissão de Segurança Pública, coordenou os trabalhos e leu pronunciamento do presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), sobre a realização do fórum. "A escola reflete o meio social e os comportamentos gerais que caracterizam um momento em que os valores vêm sendo corroídos", afirmou o presidente, em seu pronunciamento. Para ele, cabe à escola contribuir para a reversão do que ocorre em toda a sociedade, construindo uma cultura harmônica de convivência entre as pessoas.

A necessidade de mobilizar todos a sociedade no combate à violência que se reflete no ambiente escolar foi abordada pelo presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, deputado Bosco (PTdoB). Para ele, também é fundamental que as ações nesse sentido sejam articuladas. Ele também manifestou a importância da valorização dos profissionais de educação, e disse que o Governo do Estado e o sindicato da categoria estão predispostos a avançar nesse sentido.

O deputado Luiz Henrique enfatizou que a maior violência que se pratica nas escolas é contra os professores, em função da baixa remuneração. Segundo ele, a Lei de Responsabilidade Fiscal dificulta a solução do problema. No entanto, o parlamentar se mostrou otimista com o crescimento do Estado e acha que isso poderá ajudar na melhoria dos salários da categoria.

O trabalho em duas frentes - prevenção e segurança pública - foi defendido pelo presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT). Ele disse que a adoção do piso salarial para os professores é uma questão estratégica e elencou outras políticas que considera importantes para o enfrentamento da violência. Entre elas estão o cumprimento da lei de sua autoria, que trata do acompanhamento social nas escolas; além de políticas de saúde, esporte, arte e profissionalização dos jovens. "Famílias precisam ser amparadas para criarem um ambiente de paz em casa também", concluiu.

Luta pela valorização dos professores une comunidade escolar

A valorização dos profissionais da educação é considerada fundamental por todos os atores da comunidade escolar - professores, pais e alunos.

O diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores na Educação (Sind-UTE), José Luiz Rodrigues, argumentou que os professores são, hoje, uma classe empobrecida, que sofre com o sucateamento das escolas, o adoecimento pelas péssimas condições de trabalho, a desvalorização da profissão, a violência dos alunos e a presença do narcotráfico nas instituições de ensino.

A presidente do Conselho Municipal de Educação de Montes Claros, Claudirene Rodrigues de Souza, disse que os pais não têm condição de cobrar educação de qualidade se os professores não são valorizados. Ela também destacou que os pais devem acompanhar a vida escolar dos filhos. "Não dá para transferir a responsabilidade que é da família para a escola", afirmou.

A representante dos alunos, Érica Morgana Vasconcelos Silva, que cursa o 2° ano do ensino médio da Escola Estadual Barão de Gurutuba, disse que todos os estudantes sonham em chegar à faculdade. No entanto, ela considera que esse projeto é mais difícil para os alunos de escolas públicas. "Professor exerce a profissão por amor, porque até quem recebe os subsídios do governo recebe mais que o professor, trabalhando", comparou, defendendo salários melhores para a categoria. "Com o professor feliz, a gente aprende mais", acredita.

Professora defende visão da educação como medida de proteção

A professora Adriana Medalha Perez, coordenadora do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Intervenções em Serviço Social da Unimontes, foi expositora do tema "Segurança nas escolas: Por uma cultura de paz".

Em sua exposição, ela manifestou o direito à educação como um direito fundamental, instituído pela Constituição Federal. No entanto, ressaltou que é preciso ir além do direito formal, encarando a educação como medida de proteção.

A professora entende que a escola é a principal mediadora da relação entre Estado, família e sociedade na garantia do direito à educação. "Precisamos da escola que protege tanto a criança quanto o adolescente como prioridade absoluta, dentro da visão de proteção", afirmou.

Essa proteção seria garantida pela rede formada pelos órgãos de assistência à saúde e assistência social, com a prevenção e atendimento às situações de vulnerabilidade e riscos sociais.

Participação - Os desafios e estratégias do governo para a segurança pública foram apresentados pela diretora do Núcleo de Resolução Pacífica de Conflitos da Secretaria de Estado de Defesa Social, Ariane Gontijo Lopes Leandro. Segundo ela, o governo busca tornar a política de segurança uma política de participação social.

As estratégias para isso seriam o Forpaz, onde se discute a violência no ambiente escolar, além do grupo de trabalho intersetorial para analisar condições geradoras de violência no ambiente escolar e do subgrupo para a formulação de propostas voltadas para a mediação escolar.

Ela esclareceu que os problemas de segurança pública são distintos entre as regiões do Brasil e entre os municípios de Minas também. Sendo assim, o diagnóstico da ocorrência de violência precisa levar essas peculiaridades em consideração. "A forma como cada grupo percebe a violência é que deve determinar como o poder público vai alocar recursos no enfrentamento da questão", avaliou.

Experiências - Experiências na prevenção e no combate à violência escolar foram apresentadas pelas diretoras de escola Olímpia Caciquinho, da Escola Estadual Joaquim Maurício, de Janaúba; Alexandra David Tolentino, da Escola Estadual Santos Dumont, de Espinosa; e Maria José da Silveira, da Escola Estadual José da Cunha, de Porteirinha.

Elas relataram a importância da parceria das escolas com as famílias, Polícia Militar, Ministério Público e Conselho Tutelar para contornar os problemas que acontecem no ambiente escolar e realizar ações de proteção dos alunos. "Acredito que a escola ainda é o lugar mais seguro para as crianças e adolescentes", afirmou Maria José Silveira.

O subcomandante do 51º Batalhão da Polícia Militar, capitão Francisco Rodrigues dos Santos, falou da atuação da PM como parceira das escolas na proteção dos alunos e apresentou índices que revelam a redução das ocorrências de violência e criminalidade no ambiente escolar, no último ano.

O número de furtos, por exemplo, principal crime que ocorre nas escolas de Janaúba, teve redução de 11, em 2010, para dois, no primeiro semestre de 2011. Os crimes, como um todo, tiveram queda de 71,43%.

Grupos elegem 30 propostas prioritárias para etapa final do fórum

A valorização e a capacitação dos profissionais da educação, com a implantação do piso nacional; a expansão do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd); e o acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais nas escolas foram algumas das 30 propostas priorizadas pelos três grupos de trabalho que se reuniram na parte da tarde.

Outras medidas destacadas foram ampliação do investimento em educação básica de 25% para 30%; criação de um conselho escolar paritário para resolução de pequenos delitos no âmbito escolar; e garantia dos direitos das crianças com deficiência.

Os grupos trataram da violência no ambiente escolar (Grupo 1), integração de ações e programas (Grupo 2) e prevenção e combate à violência escolar (Grupo 3). As propostas priorizadas serão discutidas na etapa final do fórum técnico, em Belo Horizonte, entre os dias 4 e 6 de outubro. Também foram eleitos 12 representantes efetivos da região e 12 suplentes para participarem do encerramento do fórum.

Presenças - Também compuseram a mesa de abertura do encontro regional a diretora da Superintendência Regional de Ensino de Janaúba, Maria Eni Santos Froes; Moacir Nascimento Carvalho, representando o prefeito de Janaúba, José Benedito Nunes Neto; e o presidente da Câmara Municipal de Janaúba, Leobino Antunes de Bem.

 

 

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