Seminário sobre esporte reúne 13 municípios em Juiz de
Fora
A candidatura de Juiz de Fora para sediar os jogos
panamericanos estudantis de 2010 foi anunciada pelo secretário
municipal de Esportes, Renato Miranda, nesta quinta-feira (8/10/09),
durante a etapa regional do Seminário Legislativo Esportes,
Infância e Adolescência - Caminho para a Cidadania. O encontro
realizado na cidade da Zona da Mata encerra a interiorização do
seminário realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
cuja fase final ocorrerá entre os dias 25 e 27 de novembro, no
Plenário da ALMG, em Belo Horizonte. No encontro de Juiz de Fora, 13
cidades estiveram representadas.
Os objetivos do evento são formular sugestões para
políticas públicas de esporte; discutir a importância do esporte
como mecanismo de cidadania, promoção da saúde e garantia de
direitos da criança e do adolescente; e revitalizar a prática da
educação física nas escolas. Foram realizados encontros regionais
também em Poços de Caldas, Patos de Minas e Montes Claros. As
propostas colhidas em cada um deles serão debatidas e votadas na
etapa final do evento, que terá a participação dos delegados eleitos
para representar as regiões.
Para Renato Miranda, que abordou a realidade do
esporte e as perspectivas regionais, a criação da Secretaria
Municipal de Esportes de Juiz de Fora pela atual administração já
trouxe benefícios, como a realização do primeiro evento
internacional de tênis na cidade. Há ainda a previsão de construção
de um ginásio poliesportivo municipal com capacidade para 6 mil
pessoas até o final de 2009. O secretário também destacou o
investimento de R$ 8 milhões pelo Governo Federal na construção de
instalações para a prática de esportes individuais e coletivos na
UFJF. "De 2010 a 2016 a cidade terá a oportunidade de entrar no
cenário do esporte internacional", avaliou, considerando a
possibilidade da cidade servir de apoio na Copa das Confederações,
Copa do Mundo ou Olimpíadas.
A prefeitura de Juiz de Fora também estuda a
assinatura de um convênio de cooperação com o município de São Paulo
para o desenvolvimento do esporte na cidade mineira. "O esporte tem
uma enorme força para a transformação social e a criação de uma
sociedade melhor", afirmou. De acordo com ele, investimentos nessa
área podem evitar problemas de saúde e até de segurança pública, por
exemplo.
Deputado destaca importância do esporte para a
cidadania
Em seu discurso representando o presidente da
Assembleia Legislativa, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), o
deputado Vanderlei Jangrossi (PP) também reforçou o papel do esporte
para a socialização e a minimização do risco social. "A expectativa
é que, por meio do esporte, possamos promover a cidadania de nossas
crianças e adolescentes", afirmou. Para isso, o parlamentar defendeu
a criação de políticas públicas sólidas integradas às demais
políticas do Estado. "Desse modo o esporte pode aparecer como
instrumento de prevenção nas áreas de saúde e segurança pública e de
otimização nas áreas de educação, lazer e em outras em que possa
contribuir para a promoção da cidadania", concluiu.
A falta de uma política pública do esporte
integrada às políticas já existentes e a necessidade de se colocar
em prática dispositivos da legislação vigente foram destacadas pelo
presidente da Associação dos Profissionais de Educação Física de
Belo Horizonte e Região Metropolitana, Amaylton Salles. Em sua
exposição sobre o esporte de formação e de participação na infância
e adolescência, ele justificou que nas escolas a prática esportiva
vem sendo desenvolvida como mera recreação ou como atividade com
valores de rendimento. Para ele, seria necessária a valorização do
esporte como conteúdo da educação física, auxiliando na formação e
desenvolvimento dos jovens.
Ele ressaltou que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação faculta ao aluno a prática da educação física, mas não à
escola a oferta da disciplina. Amarylton Salles também acredita que
a orientação dos órgãos gestores para o aproveitamento dos recursos
humanos e das estruturas disponíveis é outro desafio. A legislação
que trata das estruturas para a prática do desporto prevê que as
cidades reservem área urbanas para a prática esportiva e que as
escolas garantam a utilização dos equipamentos esportivos também nos
finais de semana.
Esporte de rendimento - O
agente de fiscalização da 6ª Região do Conselho Regional de Educação
Física, Júlio César Martins, fez uma exposição sobre o esporte de
rendimento e falou da garantia do acesso ao esporte e lazer de
qualidade como direito social. "É preciso planejar e promover o
esporte de modo que o bom rendimento não seja obra do acaso",
defendeu.
Ele afirmou que o esporte de rendimento - aquele
que visa à competição, é seletivo e voltado para o potencial do
esportista - deve se iniciar na infância, chegando ao ápice na vida
adulta. Durante a adolescência ocorre o refinamento das técnicas, o
desenvolvimento do comportamento adequado frente à competição. A
especialização final se dá entre os 18 e os 20 anos.
Júlio César Martins alertou para a confusão que é
feita entre políticas públicas para o esporte e políticas sociais
voltadas para o esporte de participação, para a inclusão social.
Outro desafio, na visão dele, seria a definição de um modelo de
gestão, já que nos últimos 12 anos foram adotados nove modelos
diferentes. Ele também falou da omissão dos governos no atendimento
ao atleta iniciante, diante da falência dos clubes.
Grupos de trabalho apresentam 17 propostas para o
esporte
Criação de um calendário esportivo escolar; de um
conselho de especialistas em educação física e de outras áreas para
elaborar as diretrizes para o esporte educacional no Estado; e
realização anual de conferências municipais e estadual de esporte.
Essas foram algumas das 17 novas propostas apresentadas pelos
participantes do encontro regional do Seminário Legislativo
Esportes, Infância e Adolescência em Juiz de Fora nesta
quinta-feira (8). Até o final da tarde, dois grupos de trabalho
debateram os temas "Esporte de formação e de participação na
infância e na adolescência" e "Esporte de rendimento na infância e
na adolescência", sob a coordenação de Amaylton Salles e Júlio César
Martins, respectivamente.
O Grupo 1 sugeriu a presença de um profissional de
educação física nos locais de reinserção social dos adolescentes
onde ocorrem práticas de atividades físicas. Outra proposta foi de
que um terço da carga horária do professor de educação física seja
utilizada para treinamento de equipes escolares e em trabalhos na
área de esporte, lazer e saúde nas escolas em que estejam inseridas
essas equipes. Esse grupo rejeitou, ainda, a Lei Estadual 17.942, de
2008, por considerar que a norma é prejudicial ao desenvolvimento do
esporte e ao profissional de educação física.
Os participantes do seminário também apresentaram
sugestões de aperfeiçoamento das propostas formuladas pelas
comissões técnicas interinstitucionais durante a fase de preparação
do seminário. No grupo 2, duas propostas geraram mais debates. A de
número 3 diz respeito ao incentivo à criação de espaços e
equipamentos esportivos que disponham de acessibilidade adequada aos
para-atletas. A de número 7 trata da criação de um calendário
permanente de eventos de capacitação nas áreas de gerência
esportiva, elaboração de projetos de financiamento e também de
conhecimento específico de cada esporte.
A proposta de número 5 foi substituída por outra
que sugere o estímulo a atividade de extensão para alunos da área de
saúde, orientados por profissionais habilitados, para a orientação
esportiva nos espaços públicos. Ao final do encontro foram eleitos
os 12 delegados e quatro suplentes que representarão a Zona da Mata
na etapa final do evento, em Belo Horizonte.
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