Militares querem exclusão da categoria da Ugeprevi

Servidores militares querem a exclusão da categoria do Projeto de Lei Complementar (PLC) 27/07, do governador, que in...

06/09/2007 - 00:00
 

Militares querem exclusão da categoria da Ugeprevi

Servidores militares querem a exclusão da categoria do Projeto de Lei Complementar (PLC) 27/07, do governador, que institui a Unidade de Gestão Previdenciária Integrada (Ugeprevi) e o Conselho Estadual de Previdência (Ceprev), alterando a Lei Complementar 64, de 2002, que implantou o Regime Próprio de Previdência do Estado. A exclusão foi a principal reivindicação apresentada por representantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, que participaram da audiência pública realizada pela Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta quinta-feira (6/9/07). A reunião foi solicitada pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT), que defendeu a proposta.

Segundo o parlamentar, a proposição é inconstitucional porque fere um preceito que garante aos militares serem regidos por lei específica. "O projeto também fere o princípio da dignidade da pessoa humana", reclamou Sargento Rodrigues. Ele ressaltou alguns itens do substitutivo aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que para ele precisariam ser alterados na proposição, como um que, na opinião do deputado, confere "carta branca" ao governador para definir sobre a concessão de aposentadorias. "Isso deixa todos os servidores inseguros", alerta.

Caso os militares não sejam excluídos do projeto, o deputado quer que sejam, então, assegurados todos os direitos já existentes na Constituição Federal. Adverte que a categoria está unida e se permanecerem os itens considerados prejudiciais, poderá ser movida uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a nova lei. O tenente-coronel Abraham Lincoln Issa Ferreira, um dos convidados ouvidos, relatou que o mesmo ocorreu no Rio Grande do Sul e o Supremo Tribunal Federal formou jurisprudência sobre o tratamento dos militares à parte dos demais servidores.

Outra preocupação da categoria citada pelos convidados e pelo Sargento Rodrigues é sobre a garantia da autonomia financeira, administrativa e patrimonial do Instituto de Previdência do Servidor Militar (IPSM). Sargento Rodrigues elogiou o artigo 13 do substitutivo, que assegura a autonomia reivindicada.

O relator do PLC, deputado Domingos Sávio (PSDB), assegurou aos participantes que o governador Aécio Neves se comprometeu a manter todos os benefícios já assegurados e a preservar a autonomia do IPSM. Explicou que o projeto foi apresentado para se adequar a uma norma federal que obriga aos Estados criar uma unidade de gestão integrada e um conselho para administrá-la. "O governo federal precisa de uma unidade gestora que preste conta de que cada servidor tenha aposentadoria garantida", afirmou.

Segundo o deputado, outro objetivo do projeto é solucionar o antigo problema dos servidores designados em atividades de educação que, pela proposta, serão efetivados nos cargos. Domingos Sávio explicou que esses profissionais vêm sendo contratados há décadas pelo Estado, mas que não têm qualquer garantia de aposentadoria, pois jamais contribuíram para a Previdência. "Não é possível mais continuar com essa situação", defendeu, lembrando que alguns professores trabalham há mais de 30 anos no Estado e não podem ser demitidos sem nenhum direito.

O presidente da comissão, deputado Elmiro Nascimento (DEM), disse que o objetivo da audiência é exatamente colher contribuições da classe para o aprimoramento da proposição. Elogiou a Corporação e os serviços por ela prestados nesses mais de 200 anos de existência. "A PM é exemplo de dignidade e trabalho para toda a Minas Gerais", afirmou.

Convidados criticam o PLC

Todos os convidados que participaram da audiência pública apresentaram críticas ao PLC 27/07. O vice-presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar (AOPMBM), major Zoé Ferreira Santos, acusou o governo de apresentar um projeto "às avessas" por burlar a Constituição Federal ao tratar da categoria em lei comum. Ele convocou os deputados a corrigirem a proposta. "O legislador deve atender aos anseios do povo e não do governador. O Legislativo existe para equilibrar as forças do poder", provocou.

O presidente da União dos Militares de Minas Gerais (UMMG), coronel Zeder Gonçalves do Patrocínio, lamentou que o mercado esteja interferindo nas relações sociais e interpessoais, extinguindo direitos e garantias dos cidadãos. A tendência, na opinião do oficial, é de que seja criado um regime único que pague uma aposentadoria insuficiente e force o beneficiário a buscar a complementação em serviços de previdência privada. Ele disse confiar que os parlamentares mineiros aprimorem o projeto. "O PLC é um fantasma que inquietou os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros".

O presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar e Bombeiro Militar (Aspra), sub-tenente Luiz Gonzaga Ribeiro, pediu que seja mantida a coerência com decisões anteriores tomadas na própria Assembléia Legislativa. Em dois fóruns técnicos, os parlamentares entenderam que os militares poderiam manter um órgão próprio para gerir a previdência da categoria. O presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual (Sindifisco), Lindolfo Fernandes de Castro, se solidarizou com os militares, mas sugeriu que o projeto seja mais discutido também com os demais servidores. "Previdência é um direito universal do trabalhador. É uma forma de distribuição de renda", disse.

Presenças: Deputados Elmiro Nascimento (DEM), presidente; Domingos Sávio (PSDB), Antônio Júlio (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT) e Carlos Pimenta (PDT). Além dos convidados citados na matéria, também foi ouvido o presidente do Centro Social dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar (CSCS), cabo Álvaro Rodrigues Coelho.

 

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